Lia, Cláudia ou Marcelo Dourado? Quem deve deixar o "Big Brother Brasil" hoje será o assunto do dia em várias rodas reais e virtuais.
Ame ou odeie o programa, ele se tornou o mais bem-sucedido exemplo de como a relação do espectador com a TV e a internet está em transformação.
Convergência de mídias, interação e mobilização pela web, antes conceitos muito debatidos e pouco observados, são algumas das palavras de ordem dessa virada.
O recorde de votação, 77 milhões de votos, na semana passada, veio acompanhado de uma frenética disputa de duas torcidas: a do lutador Marcelo Dourado e a da jornalista Angélica, a Morango.
O frenesi entre os dois "times" fez a lista de "trendig topics" (os assuntos mais comentados do Twitter) ser invadida por termos relacionados ao programa. Durante a exibição da eliminação, o "TTs" brasileiros eram ocupados em sete posições pelo BBB; refinando a busca para a cidade de São Paulo, eram dez, ou seja, todos os tópicos eram sobre o reality.
O Twitter, que desde agosto do ano passado desenhava uma curva de queda no Brasil, voltou a crescer em janeiro. Saltou de 7,8 milhões de visitantes em dezembro para 9 milhões no mês passado.
"Especialmente em grandes eventos, como a posse do [presidente dos EUA] Obama, as pessoas querem cada vez mais assistir ao que acontece na tela em conjunto, comentando com outras pessoas em tempo real", diz Ronaldo Lemos, colunista de internet do Folhateen.
"E o Twitter se mostrou uma ferramenta muito boa para isso. Vai ser interessante, por exemplo, ver se essa prática vai pegar também nas eleições, se temas de interesse público terão esse poder de mobilização."
A página mais acessada do serviço de microblog em janeiro foi justamente a de Tessália Serighelli, participante eliminada há quatro semanas. No mês anterior, a página do jornalista William Bonner havia sido a campeã.
Enquanto isso, a audiência da eliminação da terça-feira passada na TV chegou a 34 pontos, a melhor da atual edição, mas distante dos 50 pontos alcançados pela primeira.
A TV pode ter perdido pontos na contabilidade da audiência, mas continua influente em outras mídias. É o que diz Luiz Calanzans, analista do Ibope especializado em internet.
"As pessoas não vão deixar de ver televisão. Em nenhum lugar do mundo a internet está "roubando" a TV. Uma coisa realimenta outra e elas crescem juntas", observa.
Da mesma forma como nos EUA, onde o fenômeno de interação pela internet foi observado no Super Bowl, a final do futebol norte-americano, que levou um executivo da rede CBS a dizer que "a internet é nossa amiga, não inimiga", em texto do "NYT", publicado no domingo passado na Ilustrada.
"O fenômeno do Big Brother é muito interessante. A relação entre internet e mídias tradicionais acabou sendo diferente do que muita gente imaginou", diz Lemos.
"O caso do "Big Brother" (e de Susan Boyle, Olimpíadas de Inverno e Super Bowl etc.) mostra que a mídia tradicional ainda tem um poder extraordinário de gerar assuntos de interesse geral, que acabam sendo repercutidos na internet."
A demanda por informações sobre o "BBB" movimenta a internet de forma significativa e vai além do site oficial, que superou, segundo medição do Ibope, os 7,9 milhões de visitantes únicos em janeiro. O número foi inédito e 25% superior ao do mesmo período do ano passado.
Uma menção a Marlon Brando no programa, feita há duas semanas, fez com que a procura pelo ator, morto em 2004, aumentasse 50% no Google.
Na Folha Online, a notícia sobre a morte do ator se tornou uma das cinco reportagens mais lidas, minutos após o comentário ter sido feito na TV.
Nenhum comentário:
Postar um comentário