É exagero dizer que Mark Zuckerberg "conectou as pessoas", como andamos
lendo e ouvindo por aí. Estamos conectados há pelo menos 40 anos. A
questão do Facebook é que o produto soube aproveitar a popularização do
acesso, transformando-se num ator relevante dessa mudança.
Os dispositivos móveis são, hoje, os maiores responsáveis pela inclusão
digital em boa parte do planeta. No Brasil, só 32% da população acessa a
internet, mas 86% têm um telefone celular (o dado é da pesquisa Global
Media Habits 2010).
A rede social é a primeira atividade na web de muita gente. No Brasil,
quantas pessoas não se converteram em internautas para ter um perfil no
Orkut? Terceiro site mais acessado do país segundo o Alexa (o Facebook é
o 10º no mesmo ranking), constitui, talvez, o maior desafio de
Zuckerberg.
A virada na Índia foi crucial para que o Facebook rompesse, em julho, a
barreira de 500 milhões de associados -hoje, já bate na casa dos 519
milhões. A página é a terceira mais visitada pelos indianos, enquanto o
Orkut ocupa a oitava posição.
O mercado do segundo país mais populoso do mundo (1,2 bilhão de pessoas)
é tão promissor quanto o da China, o primeiro. Só 7% da população da
Índia usa a web. Enquanto isso, 41% têm algum dispositivo móvel -de
onde, é claro, atualiza seu status em redes sociais.
Com uma trajetória dessas, é natural o Facebook virar livro, depois
filme, e Zuckerberg ser escolhido O Homem do Ano pela "Time" -ainda que o
protagonismo de Julian Assange e seu WikiLeaks, na reta final de 2010,
tenha feito muita gente pensar na inadequação da escolha feita pela
revista.
As redes sociais já foram consideradas perda de tempo e, em alguns
ambientes, como o mundo corporativo, a resistência ainda é real
-continua, em muitas empresas, a prática de bloquear páginas
consideradas "recreativas" (entre as quais as de relacionamento).
Visão estreita e pessoal: o Facebook é uma máquina de fazer dinheiro
porque tem o bem mais valioso: um cadastro de meio bilhão de pessoas que
deixam dentro dele, a todo instante, algum tipo de conteúdo. É, também
desse ponto de vista, um grande projeto colaborativo.
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