quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Google é nova "Microsoft" nas investigações europeias

O algoritmo de buscas do Google é o equivalente, no mundo da tecnologia, à fórmula da Coca-Cola: a maior joia de uma coroa empresarial. Mas pressão para que a companhia reduza o sigilo sobre o mecanismo está crescendo, em meio a investigações das autoridades europeias de queixas de que o serviço de busca discrimina sites indevidamente.
O caso ressalta o interesse mais intenso sobre a influência do Google sobre a internet e pode preparar o cenário para uma longa disputa como as que foram travadas anteriormente entre União Europeia e gigantes da tecnologia como a Microsoft.
Parece provável que o maior serviço mundial de buscas continue tentando manter olhos indiscretos, mesmo os da Comissão Europeia, conhecida mundialmente como um dos mais rigorosos organismos fiscalizadores, longe dos algoritmos de classificação que servem como peça central de suas operações.
"É difícil ver de que maneira isso não chegaria a um impasse em termos de em que medida o Google estaria disposto a permitir acesso ao segredo que serve de base à sua existência", disse Martin Olausson, do grupo de pesquisa Strategy Analytics.
Caso a União Europeia determine que o Google abusou de sua posição no mercado de buscas, a Comissão poderia ordenar que o Google altere suas práticas de busca, por exemplo, oferecendo mais transparência sobre o algoritmo de pesquisa, sob pena de multas que poderiam atingir os 10 por cento do faturamento anual no mundo.
O Google já foi criticado por causa do mistério que mantém sobre a tecnologia usada para determinar que resultados de busca são apresentados primeiro. Com o ganho de influência da empresa, e à medida que ela começa a oferecer conteúdo próprio, a exemplo de vídeos, acompanhando resultados de busca, surgiram apelos cada vez mais intensos por maior transparência da companhia.
A Comissão reforçou a pressão sobre o Google este mês ao abrir um inquérito formal sobre alegações de que a empresa havia abusado de sua posição dominante no mercado de buscas.
O Google controla na Europa cerca de 77% do mercado de buscas on-line, segundo a empresa de pesquisa comScore. Este mês, a União Europeia confirmou ainda que assumiu duas reclamações de autoridades alemãs sobre as práticas de busca da companhia.
Apesar de o Google fornecer algumas diretrizes sobre os mecanismos usados para listar os resultados de busca de modo a ajudar os anunciantes em seu sistema, as centenas de variáveis específicas de busca que a companhia usa para montar a lista de sites de uma pesquisa, e o peso que a empresa confere a cada uma dessas variáveis, permanece em grande parte um mistério.
"Fornecemos mais diretrizes para os sites que qualquer outro mecanismo de busca e estamos constantemente explorando novas formas de sermos ainda mais transparentes com os webmasters sobre nossos princípios de ranking", afirmou o porta-voz do Google, Adam Kovacevich, por email.
"Mas revelar os detalhes exatos não apenas ajudaria somente os spammers como tornaria os mecanismos de busca menos úteis, o que prejudicaria nossos usuários", acrescentou.

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