A confiança da Europa em não precisar seguir o exemplo dos Estados
Unidos e adotar regras que garantam acesso justo à Internet pode não se
provar duradoura, à medida que se intensifica a concorrência entre as
operadoras de telefonia móvel e provedores de serviço como o Skype.
O debate sobre a neutralidade da rede, o princípio de que todo tráfego
na Internet deve ser tratado igualmente, é quente há anos nos EUA, mas
por enquanto não causou muita preocupação pública na Europa.
O que está em jogo é a capacidade dos provedores de acesso à Internet de
racionar o acesso às suas redes, o que permite que administrem
congestionamentos, mas acarreta o risco de que favoreçam os seus
serviços internos ou os de empresas dispostas a pagar mais por
prioridade de acesso, o que restringiria as escolhas dos consumidores.
A agência de regulamentação das telecomunicações norte-americanas
terça-feira adotou regras que proíbem provedores de acesso banda larga à
Internet de bloquear tráfego lícito, mas permite que administrem suas
redes sob limites "razoáveis".
Na Europa, operadoras de telecomunicações como Deutsche Telekom, France
Telecom e Telefónica, antigos monopólios estatais que normalmente mantêm
relacionamento estreito com os governos de seus países de origem,
continuam a manter vantagem no mercado.
A Comissão Europeia até o momento também se recusou a legislar de modo a
evitar o conflito que parece inevitável entre as operadoras e empresas
como Skype, Google ou Facebook, que oferecem comunicações de voz
praticamente gratuitas, o que representa ataque direto às operações
centrais das operadoras de telefonia.
Mas os provedores de acesso à Internet, na Europa, em geral empresas de
telecomunicações, também adotam medidas ativas de administração de
tráfego para torná-lo mais eficiente, e o potencial de fazer mais para
proteger seus serviços ou conquistar receita adicional pode ser forte
demais para que resistam.
"As operadoras de telefonia móvel podem se sentir fortemente tentadas a
fazer o máximo para bloquear concorrentes e impedir que estes lhes
roubem receita", disse Bengt Nordstrom, presidente-executivo da
Northstream, consultoria escandinava de telecomunicações.
"Embora as operadoras venham evitando a questão da neutralidade de rede,
por enquanto, devem esperar maior intrusão por parte da Comissão
Europeia no futuro não muito distante", diz Nordstrom, que prevê que
essa intervenção ocorra em 2012.
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