Policiais da 14ª DP (Leblon) do Rio prenderam
na manhã desta terça-feira um bacharel em direito sob suspeita de
preconceito racial. Segundo a Polícia Civil, João Marcos Aguiar Gondim
Crespo, 26, utilizava redes sociais para expor opiniões preconceituosas.
O acusado negou as acusações e vai responder pelo crime em liberdade.
"Ele se coloca como uma pessoa que mora num lugar afortunado de maneira
pejorativa com as demais pessoas", afirmou o delegado assistente da 14ª
DP, Alessandro Thiers.
Na casa do bacharel, próximo à lagoa Rodrigo de Freitas (zona sul), a
polícia encontrou bonecos do líder nazista Adolf Hitler. Crespo foi
autuado pelo crime de preconceito ocorrido através de "incitação a
discriminação de pessoas em razão de sua origem, condições sociais e
procedência, agravado pela divulgação na internet".
A polícia chegou ao suspeito após investigação do setor de inteligência
da delegacia. Além dos bonecos com símbolos nazistas, foram apreendidos
um laptop e um computador na casa do acusado.
Em uma das mensagens postadas do site de relacionamentos Facebook,
Crespo, que atualmente cursa faculdade particular de Educação Física,
diz que "o mau humor de algumas pessoas está além de seus bairros de
origem, em renegar sua genética, cabelo ruim e baixo nível
sociocultural".
"Impressionante o mau humor e a inveja de pessoas que moram mal e devem
achar um grande programa visitar a árvore de Natal da Lagoa.. que fica a
apenas um minuto da minha casa e que eu nunca perdi nem 10 segundos
olhando", disse em uma das mensagens.
Para o delegado "o teor das mensagens é pesado e bastante pejorativo
--inclusive com o símbolo da cidade, que é a árvore de Natal da Lagoa".
Em depoimento na delegacia, Crespo admitiu ter escrito as mensagens, mas
disse que se tratava "apenas de uma brincadeira".
O estudante afirmou que os bonecos apreendidos são do seu pai, que é
historiador. Ele afirmou não ser preconceituoso, pois "tem família
miscigenada e é deficiente das pernas, pois operou quando criança e não
tem desenvolvimento igual ao resto do corpo". Além disso, ele disse que
"foi educado desde pequeno a respeitar as diferenças".
"O recado que vai para as pessoas que utilizam esse tipo de rede social
como Orkut, Facebook é que elas devem ter responsabilidade com a
manifestação de pensamentos, de ideias. Embora a manifestação de
pensamento seja livre, ela não é ilimitada. A pessoa tem que ter
respeito com os outros. Pretendo agir em parceria com a Delegacia de
Repressão aos Crimes de Informática e investigar casos semelhantes",
afirmou o delegado.
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