sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

EUA ganham rede social na internet para militares homossexuais

Depois de quase duas décadas ouvindo "não pergunte, não diga", militares gays americanos agora escutam "pergunte, sim, diga, sim" e até "ache um amigo" em uma nova rede social na internet, a Out Military.
A rede social foi lançada há cerca de uma semana, logo após o presidente Barack Obama ter assinado uma nova lei derrubando a proibição de gays assumidos nas Forças Armadas dos EUA. A política conhecida como "Don't Ask, Don't Tell" ["Não pergunte, não conte", em tradução livre] estava em vigor desde 1993.

Até agora, a rede social Out Military tem poucos integrantes, mas a expectativa é de que as adesões aumentem nos próximos meses, à medida que a nova lei ganhe efeito.
No momento, as forças militares dos Estados Unidos estão elaborando regras para fazer a nova política valer, e uma data específica para a implementação ainda não foi divulgada. Mesmo assim, alguns militares afirmam que não vão esperar e que não temem a possibilidade de perder o emprego.
"A nova rede social está dando às pessoas uma plataforma social para se comunicar", disse Kristin Orta, que serve na Guarda Nacional da Flórida. Ela se juntou à rede Out Military na semana passada, depois de ver um anúncio no Facebook.
"Acho que uma rede social específica para esse nicho é algo natural", declarou o criador da Out Military, o webdesigner John McKinnon.
Ele disse que vinha pensando em criar o site desde que o debate sobre a política do "não pergunte, não diga" voltou à cena há meses.
McKinnon incentiva a adesão à rede social, obviamente, mas não estimula que as pessoas revelem informações pessoais antes da nova regra entrar em vigor.
PESQUISA
Recentemente, um estudo desenvolvido pelo Pentágono revelou que derrubar a lei que proíbe homossexuais assumidos nas Forças Armadas causaria um pouco de perturbação no início, mas não traria problemas disseminados ou de longo prazo para os EUA.
O estudo revelou que 70% dos militares acham que derrubar a lei teria efeitos mistos, positivos, ou nenhum efeito, enquanto 30% preveem consequências negativas ou demonstram preocupação. A oposição foi maior entre os militares de combate, com 40% dizendo ser uma má ideia. O número subiu para 46% entre os fuzileiros navais.
A pesquisa foi enviada para 400 mil militares, dos quais 69% disseram ter trabalhado com alguém que eles acreditam ser gay ou lésbica. Desses, 92% disseram que o trabalho em conjunto foi muito bom, bom, ou nem bom nem ruim, segundo as fontes citadas pelo jornal 'The Washington Post'.
As unidades de combate deram respostas semelhantes: 89% das unidades de combate do Exército e 84% das unidades de combate dos Fuzileiros Navais disseram ter tido experiências boas ou neutras ao trabalhar com gays ou lésbicas, revela o 'Post'.
Um recente relatório de um grupo de trabalho do Pentágono recomendou que não haja banheiros ou chuveiros separados para militares homossexuais, e que alguns benefícios, como assistência jurídica gratuita, poderão ser oferecidos para casais do mesmo sexo.
LEI
A lei foi criada em 1993 por Bill Clinton. Ele prometera, logo após a eleição, derrubar o veto aos gays no Exército, criado durante a Segunda Guerra (1939-1945).
Sem apoio do legislativo, o projeto tornou-se um veto indireto: os militares gays e bissexuais podem servir, desde que escondam sua sexualidade. Desde então, cerca de 13 mil foram dispensados das Forças Armadas sob a lei.

Apesar de a maioria das dispensas serem resultado de militares gays se assumindo, grupos de defesa dos direitos gays dizem que isso foi usado por colegas de trabalho vingativos para fazer alarde sobre soldados que nunca fizeram de sua sexualidade um problema.
Mudar a lei foi uma das promessas de Barack Obama em sua campanha presidencial em 2008.
No mundo todo, 29 países --incluindo Israel, Canadá, Alemanha e Suécia-- aceitam soldados assumidamente gays, segundo a Log Cabin Republicans, um grupo defensor dos direitos gays.

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