quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Irã bloqueia acesso ao site do jornal espanhol "El País"

Autoridades iranianas bloquearam o acesso ao site do "El País" depois que o jornal espanhol publicou um documento diplomático dos EUA vazado pelo Wikileaks que aponta que o chefe da Guarda Revolucionária iraniana, Alí Safari, esbofeteou o presidente Mahmoud Ahmadinejad durante uma discussão.
O Irã também bloqueou o acesso a outras páginas na internet que reproduziram a notícia. No entanto, a informação não foi confirmada por fontes oficiais.
A publicação revelou nesta quinta-feira o conteúdo de um vazamento da embaixada americana em Baku (Azerbaijão) de 11 de fevereiro de 2010 obtido pelo WikiLeaks, no qual o diplomata americano Rob Garverick repassa as informações que obteve com uma fonte iraniana que teve a identidade preservada.
Segundo o periódico, o escritório diplomático do Azerbaijão, um dos pontos de observação americano do Irã, aponta que os demais presentes à reunião foram surpreendidos pela "postura surpreendentemente liberal" do líder iraniano.
Ahmadinejad sustentou, de acordo com a fonte iraniana, que "o povo se sente asfixiado" e apostou, para enfrentar os protestos e manifestações de descontentamento social, por uma maior permissividade e tolerância, "incluindo uma maior liberdade de imprensa".
De acordo com a versão, as considerações de Ahmadinejad enfureceram o chefe dos "Pasdaran" (Guarda Revolucionária) quem teria exclamado "Estás errado. És tu quem criou este caso. E, em cima disso, dizes que devemos dar maior liberdade à imprensa?".
O tumulto motivou a suspensão da reunião, que nunca foi retomada, embora duas semanas depois o aiatolá Janati (presidente do Conselho de Guardiães) intermediou para apaziguar os ânimos entre Jafari e Ahmadinejad.
CONSPIRAÇÃO
Em 29 de novembro deste ano, o presidente iraniano minimizou a importância dos documentos vazados pelo Wikileaks, e disse que se trata de uma "conspiração".
Durante uma coletiva de imprensa em Teerã, Ahmadinejad disse que os vazamentos são "apenas um jogo".
"O Wikileaks não é uma revelação, e sim algo publicado de forma sistemática e programada, e que não tem crédito. Parece ser uma guerra psicológica, mas não terá o impacto político que eles querem", afirmou o presidente iraniano.
Os "pasdaranes" ou guardiães da revolução islâmica, dispõem de suas próprias tropas terrestres, meios aéreos e navais, contam com melhores equipes e respondem diretamente diante ao líder supremo da revolução, Ali Khameneí.
A Guarda Revolucionária recorreu aos milicianos islâmicos "Basij" para sufocar os protestos populares que seguiram à proclamação dos resultados das eleições presidenciais, denunciadas como fraudulentas pelos opositores.
Com base em alguns informantes de diplomatas americanos no Azerbaijão, as eleições marcaram uma virada na história do país ao afetar a credibilidade do líder máximo da revolução islâmica, o aiatolá Ali Khamenei.

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