Autoridades iranianas bloquearam o acesso ao site do "El País" depois
que o jornal espanhol publicou um documento diplomático dos EUA vazado
pelo Wikileaks que aponta que o chefe da Guarda Revolucionária iraniana,
Alí Safari, esbofeteou o presidente Mahmoud Ahmadinejad durante uma
discussão.
O Irã também bloqueou o acesso a outras páginas na internet que
reproduziram a notícia. No entanto, a informação não foi confirmada por
fontes oficiais.
A publicação revelou nesta quinta-feira o conteúdo de um vazamento da
embaixada americana em Baku (Azerbaijão) de 11 de fevereiro de 2010
obtido pelo WikiLeaks, no qual o diplomata americano Rob Garverick
repassa as informações que obteve com uma fonte iraniana que teve a
identidade preservada.
Segundo o periódico, o escritório diplomático do Azerbaijão, um dos
pontos de observação americano do Irã, aponta que os demais presentes à
reunião foram surpreendidos pela "postura surpreendentemente liberal" do
líder iraniano.
Ahmadinejad sustentou, de acordo com a fonte iraniana, que "o povo se
sente asfixiado" e apostou, para enfrentar os protestos e manifestações
de descontentamento social, por uma maior permissividade e tolerância,
"incluindo uma maior liberdade de imprensa".
De acordo com a versão, as considerações de Ahmadinejad enfureceram o
chefe dos "Pasdaran" (Guarda Revolucionária) quem teria exclamado "Estás
errado. És tu quem criou este caso. E, em cima disso, dizes que devemos
dar maior liberdade à imprensa?".
O tumulto motivou a suspensão da reunião, que nunca foi retomada, embora
duas semanas depois o aiatolá Janati (presidente do Conselho de
Guardiães) intermediou para apaziguar os ânimos entre Jafari e
Ahmadinejad.
CONSPIRAÇÃO
Em 29 de novembro deste ano, o presidente iraniano minimizou a
importância dos documentos vazados pelo Wikileaks, e disse que se trata
de uma "conspiração".
Durante uma coletiva de imprensa em Teerã, Ahmadinejad disse que os vazamentos são "apenas um jogo".
"O Wikileaks não é uma revelação, e sim algo publicado de forma
sistemática e programada, e que não tem crédito. Parece ser uma guerra
psicológica, mas não terá o impacto político que eles querem", afirmou o
presidente iraniano.
Os "pasdaranes" ou guardiães da revolução islâmica, dispõem de suas
próprias tropas terrestres, meios aéreos e navais, contam com melhores
equipes e respondem diretamente diante ao líder supremo da revolução,
Ali Khameneí.
A Guarda Revolucionária recorreu aos milicianos islâmicos "Basij" para
sufocar os protestos populares que seguiram à proclamação dos resultados
das eleições presidenciais, denunciadas como fraudulentas pelos
opositores.
Com base em alguns informantes de diplomatas americanos no Azerbaijão,
as eleições marcaram uma virada na história do país ao afetar a
credibilidade do líder máximo da revolução islâmica, o aiatolá Ali
Khamenei.
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