"Os blogueiros chineses são os mais inteligentes do mundo. Além de escrever um artigo bom e interessante, eles devem pensar como burlar o governo", disse o jornalista Wang Xiaofeng, autor do blog Bu Xu Lian Xiang ("sem relações", em português), que recebe uma média de 40 mil visitas por dia.
Também editor de uma revista cultural semanal de Pequim, Wang explica que uma das maiores dificuldades é mexer nas chamadas "palavras sensíveis", para que estas não sejam identificadas pelo filtro de controle.
"Se uma palavra tem três caracteres chineses, é preciso mudar algum deles e usar sinais sinônimos ou homônimos para que não seja detectada e os leitores sejam capazes de decifrá-la", comenta o blogueiro de 43 anos.
Um exemplo é escrever o nome do primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, que faz parte do grupo de "palavras sensíveis", como Bao Bao ("bebê" em chinês). Mas Wang explica que este tipo de troca tem prazo de validade, pois logo é detectada pelos filtros --o que leva os autores de artigos a pensar em novas ideias.
Embora a censura seja forte, a internet é o meio de expressão preferido entre muitos chineses. A rede tem ajudado a descobrir casos de corrupção entre as autoridades locais e servido para organizar protestos, mas a principal função é ser um mural para escrever artigos criticando ou ironizando o governo comunista.
"Antes aconteciam coisas cuja origem era desconhecida e que o governo gostaria que seguisse assim. Embora digam constantemente que são mais transparentes, as autoridades continuam ocultando os fatos. O grande problema que existe neste país é que, apesar de não infringir a lei, uma pessoa também acaba punida se o que ela diz não agrada", explicou Wang.
A China lidera a lista de países com censura "onipresente" na internet, segundo uma série feita pela ONG Repórteres Sem Fronteiras (RSF) no ano de 2007. A relação inclui outros regimes como Mianmar, Cuba, Irã, Vietnã, Maldivas, Coreia do Norte, Síria, Tunísia e Uzbequistão.
"O governo chinês dispõe do maior aparelho de violência policial, militar e pessoal de segurança. Se não teme nem mesmo os Estados Unidos, por que ter medo de alguns escritores?", pergunta.
Wang se apressa em responder à própria indagação afirmando que a China "não é uma democracia".
"É uma ditadura, e aqui não se permite a liberdade de expressão", completou.
Segundo a RSF, o sistema de controle começou a funcionar efetivamente em 2005, após a criação do Escritório da Gestão de Informação pela Internet iniciou este processo.
"A internet não tinha muita atenção antes, mas a tecnologia se desenvolveu muito durante os últimos anos. Atualmente é a divisão de vigilância da internet que entra em contato diretamente com o servidor e pede que o conteúdo seja removido em um prazo de 24 horas", ressaltou Wang.
Graças à velocidade com a qual internet evolui, os internautas chineses podem fazer uso de um proxy (servidor) que lhes permitam acessar sites estrangeiros, principais alvos de controle do governo.
No entanto, Wang afirma que em datas importantes como o 60º aniversário da República Popular da China, os servidores não funcionaram e a população ficou restrita a uma rede absolutamente local.
Para este blogueiro, estes métodos de censura são considerados atrasados. "A China sempre considerou importante a ideologia dos líderes, mas agora vivemos uma época na qual o povo tem mais consciência, mais opiniões, e, diante disso, só estimula sua vontade de se expressar por meio da internet".
Com quase 340 milhões de usuários, a China assumiu ano passado o posto de líder em internautas no mundo, bem à frente dos Estados Unidos. Apesar da censura, o número segue aumentando.
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