Integrantes do governo brasileiro admitiram de maneira reservada a
diplomatas dos EUA que o apagão elétrico de novembro de 2009 pode ter
sido causado por "interesses do setor privado" americano com o objetivo
de tentar "ganhar mais acesso comercial".
É o que informa um telegrama confidencial, vazado pelo WikiLeaks e lido com exclusividade pela Folha.
1/12/2009 11h27
CONFIDENCIAL
Classificado por: Vice-Embaixadora Cherie Jackson
Em 10 de novembro às 22h13 o Brasil sofreu um apagão que mergulhou 18 de
seus 27 Estados na escuridão por períodos que variaram entre 20 minutos
e seis horas. O blecaute representou uma perda de 28 mil megawatts de
eletricidade --ou seja, 45% do consumo brasileiro total naquele
instante-- e deixou estimados 87 milhões de pessoas sem energia
elétrica. O escrutínio vem sendo intenso e as especulações sobre o
incidente vêm correndo soltas, em grande medida devido ao anúncio
recente de que o Rio vai sediar os Jogos Olímpicos de 2016.
O QUE O GOVERNO DETERMINOU ATÉ AGORA? 3. (C) Em 18 de novembro, o
adido econômico se reuniu com Plinio de Oliveira, presidente do ONS, o
órgão governamental responsável pela rede elétrica interligada do país,
juntamente com Wilkens Geraldes Filho, diretor de Análise Estatística do
ONS, e Elione Vierira de Araújo, uma engenheira de alto nível. Eles
haviam passado boa parte da semana passada investigando o incidente e
apresentando explicações sobre o que aconteceu. Geraldes e Oliveira se
juntaram à conversa com atraso, após uma reunião de improviso com o
diretor-geral do ONS para discutir o incidente. A equipe fez para o
adido econômico a mesma apresentação que fez ao ministro da Energia,
Edison Lobão, após o incidente. Em 20 de novembro o adido econômico se
reuniu em separado com José Coimbra, chefe-de-gabinete do Ministro das
Minas e Energia, Edison Lobão. Coimbra foi o funcionário do Ministério
convocado para trabalhar no problema na noite de 10 de novembro e era
quem carregava a responsabilidade geral pelo planejamento do setor
elétrico.
Com base nessas discussões detalhadas, segue o governo agora afirma que
aconteceu. A queda de eletricidade se originou em uma subestação próxima
de São Paulo chamada Itaburi, na linha de transmissão Tijuco Preto, que
abastece São Paulo e depois Rio de Janeiro com eletricidade da barragem
de Itaipu (uma barragem hidrelétrica binacional na fronteira com o
Paraguai, responsável por 12.600 MW de energia, ou seja, 20% do
abastecimento de energia do Brasil. A matriz energética brasileira é
fortemente dependente da hidroeletricidade 80%, sendo o restante
uma combinação de termo, nuclear e alguma bioeletricidade.). Naquele
ponto no sistema há três linhas de transmissão separadas que conectam
Itaipu a São Paulo, carregando 765 kilovolts de 60HZ AC. Há uma linha de
transmissão separada de Itaipu a São Paulo ao norte da linha de
transmissão de Tijuco Preto, que carrega 50 HZ de energia DC. A região
São Paulo/Rio também é ligada ao sul do país por linhas separadas, e
também com o norte e nordeste, que também estão interligados. O consumo
global diário do sistema é 60 GW, bem abaixo da capacidade total do
sistema, 105 GW.
Às 22h13 ocorreu um curto-circuito em uma das três linhas de Itaburi, no
que chamam de ciclo "B". 13,5 milésimos de segundo mais tarde, o ciclo
"A" sofreu um curto-circuito na segunda linha. 3,2 milésimos de segundo
depois, a subestação de Itaber deixou de funcionar, derrubando a
terceira e última linha e interrompendo completamente o fluxo da linha
de transmissão sul de Itaipu a São Paulo. Quando isso aconteceu,
controles automatizados entraram em ação para preservar o sistema. Os
geradores de Itaipu se desligaram quando detectaram a interrupção na
transmissão, com isso também desligando a linha de abastecimento norte
para São Paulo. Os sistemas interligados nas regiões nordeste e norte do
país, ao detectar oscilação no fornecimento vindo de São Paulo,
desligaram as linhas de transmissão para proteger essas regiões. Na
região sul do país, que também fornecia eletricidade a São Paulo, as
oscilações repentinas de frequência desencadearam o ERAC (um sistema de
emergência no qual cada subestação monitora o equilíbrio entre o
fornecimento e a carga), isolando a seção sul do restante da rede. Essas
modificações preservaram o restante do sistema, permitindo um retorno
rápido ao fornecimento de energia elétrica para a maior parte do país,
mas deixaram os principais centros populacionais sem energia por até
seis horas.
QUAIS FORAM OS FATORES QUE EXACERBARAM O EVENTO?
Geraldes descreveu os fatos de 10 de novembro como sendo incomuns, não
em termos da interrupção do sistema mas da confluência de eventos que
levou à escala catastrófica do apagão. Ele disse que um problema
semelhante que deixou desligada a mesma linha tinha acontecido no
passado, mas que o sistema estava operando de tal maneira que o fluxo
foi redistribuído com poucas consequências negativas. No caso de 10 de
novembro, os reservatórios estavam cheios devido às chuvas abundantes
recentes, e as usinas termais, às quais se recorre com frequência para
aumentar o fluxo, não estavam operando. O sistema interligado que
permite que eletricidade de qualquer parte do país seja distribuída para
qualquer outra parte estava exportando energia das hidrelétricas
principais no sul do país para a região de São Paulo/Rio. De acordo com
Geraldes, em casos anteriores a situação foi revertida, com fluxo
exportado de São Paulo para o sul durante períodos com menos chuva, e os
problemas tiveram efeito muito pequeno sobre o fornecimento elétrico
geral.
Grudtner disse que os padrões internacionais geralmente pedem que um
sistema tenha capacidade que permita operação desimpedida com uma linha
de transmissão estando inoperante. No momento do incidente, o sistema
brasileiro estava operando na capacidade de operações desimpedidas com
duas linhas desligadas, mas o incidente derrubou as três linhas que
alimentam São Paulo. Além disso, observou Coimbra, cada uma das linhas
que foi derrubada leva dez segundos para se recuperar, mas os
curto-circuitos ocorreram com diferença de tempo de milésimos de
segundos, desabilitando o sistema de transmissão com desligamentos
automáticos, antes das linhas terem tempo de se recuperar. Geraldes
disse que foi a pior configuração possível de fatos que levou ao efeito
em cascata.
Uma comissão governamental composta do ONS e da ANEEL, a agência
brasileira reguladora da energia elétrica, está investigando exatamente o
que aconteceu em 10 de novembro. A comissão tem prazo de 30 dias a
partir de sua formação, em 13 de novembro, para redigir um relatório de
suas constatações, incluindo possíveis recomendações. O governo irá
então apresentar o relatório a um grupo independente de acadêmicos e
especialistas não ligados ao governo, para ser revisto por eles. O
governo finalizará o relatório após essa revisão. Na ausência de um
relatório final, nem o ONS nem o MME (Ministério de Minas e Energia)
ofereceram uma explicação definitiva das causas dos blecautes. Mas ambos
afirmaram que os curtos-circuitos são condizentes ou com um raio
(embora o ONS tenha feito questão de mostrar fotos de satélite mostrando
que não havia tempestades na área naquele momento específico) ou com
uma combinação de pressão barométrica baixa com ventos fortes e alto
índice de umidade. O ONS também mostrou fotos de torres de transmissão
apresentando descoloração visível, o que, segundo afirmou, representa
evidência adicional em favor dessas duas teorias e exclui a
possibilidade de danos causados por árvores, sabotagem física ou
hackers. (Nota: O adido econômico não teve meios de verificar a
localização das torres vistas nas fotos, o momento em que ocorreu a
descoloração, nem a causa. Fim da nota.)
Oliveira e Geraldes ainda excluíram a possibilidade de ação de hackers
porque, após algumas interferências reconhecidas como tais ocorridas nos
últimos anos, o GOB restringiu o acesso ao sistema a um grupo pequeno
de operadores autorizados, separou o sistema de controle da transmissão
dos outros sistemas e instalou filtros. Coimbra confirmou que o sistema
do ONS é uma rede CLAN que emprega seus próprios fios, estendidos acima
dos fios elétricos. Oliveira observou que, mesmo que alguém tivesse
conseguido ter acesso ao sistema, é preciso um comando de voz para
interromper a transmissão. Coimbra disse que, embora os blecautes
pudessem ter sido provocados por sabotagem, esse tipo de problema teria
sido mortal, e investigadores teriam encontrado evidências físicas,
incluindo o corpo do perpetrador. Ele também observou que quaisquer
tentativas internas de interromper o sistema cometidas por funcionários
do sistema teriam sido facilmente rastreáveis, fato que seria do
conhecimento de qualquer pessoa com acesso ao sistema.
Para evitar grandes apagões futuros, disse Pires ao adido econômico do
Rio, o governo brasileiro precisa diversificar suas fontes para que não
se limitem a Itaipu, aumentando a geração de energia termoelétrica e não
focando unicamente os custos de operação. Relatos da imprensa sugeriram
que, para enfrentar as necessidades da Copa do Mundo de 2014 e das
Olimpíadas de 2016, o GOB precisa modernizar suas linhas de transmissão e
construir usinas elétricas em escala menor, independentes da rede
nacional, mis próximas dos grandes centros de consumo, como Rio de
Janeiro e São Paulo.
Na reunião com o adido econômico de Brasília, funcionários do ONS foram
unânimes em rejeitar as alegações de que a rede elétrica seria
antiquada, observando que a rede atual foi modernizada após os blecautes
de 2001 e hoje satisfaz ou supera os critérios de desempenho
internacionais, abastecendo de energia cerca de 98% do país. Coimbra riu
da sugestão de que a solução estaria na construção de mais usinas
térmicas, não apenas porque há usinas térmicas já existentes que não
estão sendo utilizadas devido aos altos custos da geração elétrica mas
também porque, mesmo que elas tivessem estado em uso, as usinas térmicas
teriam precisado ser carregadas por 12-13 horas após um apagão. Itaipu
voltou a funcionar com sua capacidade plena menos de 30 minutos após a
interrupção.
Dois dias após o incidente, de acordo com uma fonte digna de crédito,
autoridades de segurança no Brasil estavam atribuindo a queda de energia
a "erro humano" por parte de um brasileiro que era operador do sistema.
De acordo com a fonte, o operador estava sendo investigado. A fonte
está indisponível para fazer mais comentários sobre a possibilidade de
novas avaliações terem modificado essa hipótese, e o status atual dessa
investigação em particular é desconhecido. Também houve especulações
reservadas em pelo menos uma conversa entre alguns funcionários
governamentais, aparentemente baseadas em parte em um programa "60
Minutes" exibido por coincidência alguns dias antes e que sugeria que
houvesse vulnerabilidades no sistema brasileiro, que interesses do setor
privado dos EUA pudessem ter arquitetado os blecautes visando conseguir
melhor acesso comercial à rede elétrica.
MEDIDAS INTERINAS PARA PREVENIR INCIDENTES DE SEGURANÇA E BLECAUTES
Geraldes reconheceu que os holofotes voltados para os Jogos Olímpicos
submetem o sistema a um escrutínio maior. O ONS possui um protocolo para
proteger contra quedas de fornecimento elétrico e que já foi utilizado
durante eventos especiais como os Jogos Panamericanos em 2007 e será
usado em eventos futuros, incluindo a Copa do Mundo de 2014 e as
Olimpíadas de 2016. O protocolo inclui a operação de todas as usinas
térmicas, muitas das quais se localizam perto de grandes cidades,
incluindo o Rio, durante o evento, para minimizar a possibilidade de
quedas de eletricidade e para garantir que os padrões regulares de
transmissão sejam mantidos, assegurando a consistência de um fluxo
normal. Geraldes reconheceu que a segurança física real é uma prioridade
baixa sob esse protocolo e disse que não são feitos planos especiais,
mesmo durante eventos. Como ele disse, "esta tem sido uma preocupação
menor para nós que para vocês". Contudo, ele concordou que pode haver um
foco maior sobre a segurança física no período que antecede as
Olimpíadas, particularmente depois de este incidente ter chamado a
atenção para possíveis pontos fracos do sistema.
A visão do MME foi um tanto quanto diferente. Coimbra observou que "não
estamos imunes aos tipos de ameaças que vocês têm visto nos últimos
anos". Existe no gabinete do presidente Lula um grupo conhecido como
Gabinete de Segurança da Infraestrutura (GSI) que está analisando a
segurança da infraestrutura. Coimbra recordou que eles foram os
primeiros a procurá-lo após o incidente. Grudtner foi encarregado de
liderar o esforço de segurança física do próprio Ministério e disse que o
grupo de trabalho do MME está no processo de definir quais instalações
são mais cruciais para o sistema e constituem motivo maior de
preocupação, logo, mais precisam de proteção física.
Representantes do ONS disseram ao adido econômico que também há um
processo intensivo em andamento na Empresa de Pesquisa Energética, EPE,
para desenvolver recomendações sobre como evitar problemas de apagões no
futuro. Uma medida imediata tomada pelo Brasil para prevenir uma
repetição do fato durante o período da investigação é reduzir o volume
de fluxo em qualquer direção dada para reduzir a pressão sobre o sistema
_mas um subproduto da medida é o aumento da dependência das usinas
térmicas, mais caras, fato que eleva o preço da eletricidade. Outra
opção de prazo mais longo que está sob consideração seria a construção
de equipamentos de transmissão mais novos, maiores e, portanto, mais
fortes; seria uma opção cara, e os contatos do ONS deram a entender que a
hipótese altamente improvável de se repetir o blecaute de 10 de
novembro não justificaria esse custo. O ONS mostrou o plano quinquenal
de energia do país, que prevê aumentos importantes na demanda
energética, a serem atendidos em grande medida, no curto prazo, com
novas hidrelétricas e aumentos nas usinas elétricas movidas a óleo.
Embora as projeções indiquem que haverá energia suficiente para atender à
demanda, Geraldes avisou que a situação pode mudar se ocorrerem atrasos
imprevistos na conclusão da hidrelétrica de Belo Monte, prevista para
entrar em operação em abril de 2014, alguns meses antes da Copa do
Mundo.
Embora Coimbra, do MME, não tenha oferecido sugestões de possíveis
recomendações tecnológicas após esse evento, ele disse que uma área que o
GOB poderia focar em um exercício do tipo "lições aprendidas" seria a
melhora das comunicações com o público durante ocorrências como essa, e
também antes de manutenções programadas que possam causar apagões
temporários. Ele ficou interessado em saber mais sobre o sistema de
Transmissões (de rádio e televisão) de Emergência americano como uma
maneira possível de enfrentar esse desafio. O adido econômico se
comprometeu a pesquisar o programa americano e enviar informações para
ver se uma cooperação nessa área seria viável.
Tanto o MME quanto o ONS estavam ansiosos para contextualizar o apagão
de 10 de novembro. O ONS ofereceu um slide mostrando outros apagões
internacionais comparáveis ocorridos nos últimos 30 anos, incluindo o
blecaute de quatro dias que atingiu a Costa Leste dos EUA em 2003,
detalhando a extensão e duração dos blecautes; o blecaute brasileiro
saiu favorecido na comparação. Coimbra disse ao adido econômico que uma
associação americana de engenharia enviou uma carta oficial
parabenizando o Centro de Pesquisas Elétricas, CEPAL, pela recuperação
rápida do sistema e convidando a entidade a participar de uma
conferência nos EUA no início do próximo ano para compartilhar suas
experiências. Tanto o ONS quanto o MME destacam a rapidez com que a
maior parte do sistema voltou a funcionar (a maioria das áreas afetadas
sofreu apagões de 20 minutos; o apagão mais longo foi de seis horas, em
São Paulo). Como disse Grudtner, o setor elétrico ficou satisfeito
porque o sistema funcionou como deveria e voltou com relativa rapidez,
mas os políticos não estão satisfeitos. Enquanto isso, ele observou em
tom irônico, a imprensa fica satisfeita por ter material para suas
matérias. O Congresso pediu sessões de discussão sobre o incidente, que
tiveram que ser adiadas porque especialistas estavam viajando à área
numa missão investigatória para concluir o relatório da investigação.
COMENTÁRIO: NOTÁVEL ABERTURA A DIÁLOGO COM O USG
As autoridades brasileiras se mostraram notavelmente abertas a discutir o
incidente com funcionários da Embaixada, não adotaram postura defensiva
ao responder a perguntas e foram francas em suas informações e
avaliações. A disposição do presidente do ONS e do chefe-de-gabinete do
MME em reunir-se conosco para discutir uma questão tão técnica e em
fornecer informações detalhadas à Embaixada demonstra a importância que
eles atribuem a assegurar que o USG entenda o blecaute e a capacidade do
Brasil de fazer frente a eventos importantes no futuro. Os apagões não
são incomuns no Brasil (na realidade o Rio sofreu outro apagão em 23 de
novembro que foi atribuído a interrupções na transmissão, possivelmente
devidas ao roubo de cabos). Contudo, a escala do apagão de 10 de
novembro, que atraiu atenção internacional indesejada, pode levar o
Brasil a buscar soluções duradouras a pontos de debilidade em seu
abastecimento elétrico e ameaças a ele. Com o início de um importante
ano eleitoral, o GOB provavelmente vai querer mostrar que está tomando
medidas para reconstruir a confiança pública. À luz da abertura
manifestada por funcionários do GOB para discutir esse fato, somada ao
desejo de demonstrar avanços em fazer frente ao problema, o USG tem uma
oportunidade de trabalhar com o GOB enquanto este busca aperfeiçoamentos
possíveis que rendam resultados reais para a segurança física e
confiabilidade de sua rede.
OPORTUNIDADES DE ENGAJAMENTO DO USG - APROVEITAR O MOMENTO
Tendo dedicado muito tempo e muitos recursos para corrigir problemas no
fornecimento elétrico nacional que eram endêmicos em 2001, o GOB se
orgulha de seu sistema de transmissão nacional interligada e tende a
enxergar os apagões que ocorrem como incidentes isolados ou como
problemas com sistemas de distribuição locais. Em visitas recentes aos
Estados Unidos, o vice-ministro da Energia Zimmermann sugeriu que a
transmissão e a distribuição de longo alcance possam ser um tema no qual
o Brasil possui know-how que poderia compartilhar com os EUA em um
acordo de cooperação energética. Embora o GOB seja altamente resistente à
ideia de que outros países sejam mais avançados que o Brasil na
transmissão e distribuição, representantes do GOB reconhecem que há
espaço para aprimoramentos em seu sistema. Saberemos mais sobre a causa
imediata do grande apagão brasileiro dentro de algumas semanas, mas,
enquanto isso, há oportunidades para o USG tirar proveito da abertura do
GOB, destacando o apagão como razão para mais engajamento e também
preparativos com vista à Copa do Mundo de 2014 e às Olimpíadas de 2016.
OPORTUNIDADES DE COOPERAÇÃO EM SEGURANÇA DE INFRAESTRUTURA CRÍTICA
Esta seria uma excelente ocasião para incentivar o Memorando de Acordo
sobre Comunicações e Segurança de Informações (CISMOA) entre forças
armadas, notando que, embora este incidente não pareça ter sido fruto de
um ataque ao sistema, tal evento é possível, e firmar esse acordo
permitiria cooperação no caso de ocorrer um ataque. Também
consideraríamos um grupo de trabalho em ciber-segurança. O Brasil
poderia estar aberto a buscar cooperação sobre a proteção da
infraestrutura crítica, e o MME já nos disse que estaria interessado em
saber mais sobre nosso sistema de transmissões (por ex. de televisão) de
emergência. Está claro que a segurança física até agora não foi um alvo
importante da atenção dos planejadores, mas autoridades reconhecem a
possibilidade de um ataque e estão trabalhando para desenvolver
proteções, outra área possível de cooperação frutífera após a visita de
DHS no final de 2008.
Com relação ao desenvolvimento infraestrutural, a USTDA (Agência de
Comércio e Desenvolvimento dos EUA) estuda a possibilidade de patrocinar
uma visita de orientação ou um estudo de campo sobre energia elétrica.
Até agora a USTDA não buscou cooperações na área elétrica. A maioria dos
projetos infraestruturais neste sistema elétrico centralizado é ao
nível federal, o que geralmente se traduz em mais burocracia e tempos de
implementação mais longos do que com projetos empreendidos ao nível
estadual ou local. Existem, contudo, questões de distribuição elétrica
que precisam ser tratadas aos níveis estaduais e locais que poderiam
beneficiar-se do envolvimento da USTDA, possivelmente representando
outro meio de engajamento para ajudar o Brasil a resolver seus desafios
elétricos. Antes deste evento, o Ministério da Energia tinha destacado a
tecnologia Smartgrid como sendo uma área na qual ele teria interesse em
cooperação; é possível que o interesse seja maior agora. 23. (C) A
Missão incentiva as agências do USG, incluindo o Departamento de Defesa,
o Departamento de Segurança Interna, a Comissão Federal de
Comunicações, a Agência de Comércio e Desenvolvimento e outras a
explorar estas oportunidades no curto prazo. FIM DOS COMENTÁRIOS. 24.
(U) Este telegrama foi coordenado com os Consulados Gerais no Rio de
Janeiro e São Paulo.
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