A decisão da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) de permitir a
entrada das teles no mercado de TV a cabo e liberar novas licenças onde
hoje não existe o serviço não vai fazer aumentar o número de empresas
nesse segmento.
É o que mostra um estudo divulgado nesta quinta-feira pela ABTA
(Associação Brasileira de Televisão por Assinatura) feito por dois
especialistas em concorrência da FGV (Fundação Getúlio Vargas).
Segundo o estudo, municípios com menos de 108 mil habitantes não possuem
escala suficiente para receber nenhuma empresa. "Elas continuarão
interessadas em lugares com alto poder aquisitivo que, em geral, já
possuem competidores", disse Arthur Barrionuevo, professor da FGV.
As novas regras da Anatel, que devem entrar em vigor no final do
primeiro semestre de 2011, farão com que somente 3 milhões de habitantes
passem a ter o serviço de TV paga. Isso representa menos de 15% do
total de brasileiros desatendidos por empresas de TV por assinatura
atualmente, segundo os especialistas.
Ainda de acordo com eles, os outros 18 milhões continuariam sem serviços
de TV a cabo. Nesse universo não entram os 45 milhões de habitantes que
vivem em cidades com até 20 mil habitantes e que não foram incluídos no
universo da pesquisa.
Em número de municípios somente 57 cidades seriam acrescentadas à lista atual de 258 cobertas por serviços de TV a cabo.
Barrionuevo afirma ainda que as novas regras só vão favorecer empresas
que hoje vendem "combos". "Os produtos separados seriam um chamariz para
o produto mais sofisticado que é a banda larga", diz.
Para as empresas que vendem somente os pacotes de TV paga não haveria
lucro variável por usuário na maioria dos municípios hoje desatendidos,
algo que facilita a atuação das teles que, em boa parte dos casos, já
tem rede instalada nessas localidades. Dessa forma, elas teriam o
retorno necessário para ofertarem os serviços.
O presidente da ABTA, Alexandre Annerberg, considera que essa decisão da
Anatel atropelou as empresas de cabo e pode permitir que as teles
entrem nesse mercado pela "porta de trás" e não pela "porta dianteira".
Annenberg se refere à aprovação do projeto de lei 116, que permitirá a
entrada das teles no mercado de TV paga. Hoje elas estão proibidas de
atuar nesse ramo devido a restrições impostas pela Lei do Cabo. O PL em
tramitação irá acabar com a lei do cabo.
Na semana passada, a Anatel aprovou um novo plano de outorgas para a TV
paga permitindo a entrada das teles. Annenberg afirmou que não irá
recorrer à Justiça caso a regulamentação do Plano de Outorgas da Anatel
entre em vigor após a aprovação do PLC 116. "Embora haja coisas nesse
projeto com as quais não concordamos, defendemos que ele deve ser
aprovado imediatamente", disse. "Depois, tentamos corrigir os problemas
que vão surgir no nosso caminho."
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