quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Economista analisa rede de relacionamento nas maiores empresas do país

Quem está no "Facebook" do empresário Eike Batista, o homem mais rico do Brasil? Quais são os "amigos comuns" dos dirigentes de Vale, Petrobras e Embraer? E quem selou o casamento de Sadia com Perdigão?
Com certeza foram os mesmos padrinhos da união das teles Oi e BrT: BNDES e Previ, o fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, denominadores comuns de 119 empresas nas quais têm participação.

Para desvendar essa intrigada rede de relacionamentos, o economista Sérgio Lazzarini, professor do Insper, estudou nos últimos seis anos a história de 624 empresas nacionais desde 1996.
Descobriu que são todas amigas. O resultado está no livro "Capitalismo de Laços: Os Donos do Brasil e suas Conexões" (Elsevier), que será lançado na segunda.
"A abordagem desse livro é de relações. Ele vai ver quem é conectado com quem. Porque é por aí que surgem os negócios", disse.
No estudo, Lazzarini viu que os agentes mais populares desse "Facebook dos poderosos" são do governo.
O economista constatou ainda que não alteraram esse quadro nem as privatizações nem a abertura de capital na Bolsa, que prometiam a entrada de novos agentes.
"Há menos competição quando você junta três concorrentes em um mesmo consórcio, são dois a menos competindo. Os minoritários reclamam que não conseguem entrar da brincadeira."
ESTRANGEIROS
Lazzarini afirma que muitos estrangeiros "quebraram a cara" no Brasil, como os canadenses da TIW, que se associaram ao empresário Daniel Dantas para comprar a Telemig Celular na privatização da Telebrás, em 1998.
Ele cita o caso de Eike, visto inicialmente como renovador por trazer investidores do mercado de capitais.
"Eike é querido tanto no governo quanto no mercado. Ele é a ponte. Traz gente para os conselhos, que são pessoas que vão fazer conexões com empresas e com o mercado. Ele faz doação para Lula e traz os chineses."
Segundo Lazzarini, o governo tem interesses em jogo nessa rede de relacionamento. O primeiro é ter influência na concorrência privada, que é onde está o dinheiro.
Depois, é se financiar no poder. "Obter esses laços garante reciprocidades. Exemplo? Doação de campanha. Interessa para o governo estar nessas empresas para o sistema político se financiar. Para as empresas, o financiamento das campanhas serve como um "seguro" para ter canal de comunicação com o governo. E estamos falando de caixa um. O incentivo para caixa dois é igual."

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