quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Aplaudida nas ruas, tropa do Exército no Alemão cria perfil no Facebook

Com forte apoio da população nas ruas, o Exército quer estender essa popularidade para as redes sociais. Desde sexta-feira (26), início da operação no Complexo do Alemão, a Brigada de Infantaria Pára-Quedista, que cerca o conjunto de favelas no Rio, tem perfil no Facebook.

Na página da Brigada, são colocadas informações sobre a operação no Alemão. No domingo (28), quando foi postada a foto do general Sardenberg, comandante do batalhão, dentro do Complexo, usuários comemoraram o êxito da ação.
"Vocês são meus heróis, moro bem próximo e senti-me acuada, com medo. Torço para que obtenham êxito o quanto antes, quero minha vida de volta, comentou a usuária Ana Cláudia Bezerra.

Até ontem, 48 pessoas seguiam o perfil. Segundo o major Fabiano Lima, oficial de comunicação social da Brigada, a intenção é aproximar a força militar da população. O site da Brigada teve 10 mil acessos desde sexta-feira, volume semelhante ao que é registrado num período de um ano.
"As pessoas estão aplaudindo os comboios do Exército que circulam pela região. Há reconhecimento e um apoio à operação", observa o major.
A tropa que está no Alemão têm aparato semelhante ao de operações de guerra. Os militares estão alojados numa fábrica desativada da Coca-Cola nas proximidades do conjunto de favelas.
Foi criada uma estrutura com chuveiros, barracas, banheiros químicos e kits de alimentação para o repouso dos 1.447 militares envolvidos na operação -- 800 nos pontos de acesso.
É ali que está concentrada toda a alimentação dos soldados que cercam os 44 acessos ao Complexo do Alemão. São 10 mil kits de ração humana, única refeição permitida aos militares. Quantidade suficiente para uma semana.
"Os militares só circulam entre a base e os pontos de acesso. Eles não podem ficar por aí. Então, toda a alimentação é provida pelo Exército", disse comandante do 20º Batalhão Logístico da Brigada, tenente coronel Claudio Penkel.
O kit conta com café da manhã, almoço, jantar e ceia noturna. Os militares podem escolher, no cardápio, entre feijoada, carne seca com abóbora e frango com legumes. De sobremesa, rapadura e jujubas.
"Na última operação próxima a favelas, soldados consumiram sorvetes caseiros vendidos numa comunidade. Todos passaram mal, com infecção intestinal. Então, orientamos para que não aceitem nada na rua", acrescenta Penkel.
A ração humana vem pré-cozida. Pode ser cozinhada num kit que conta com fósforo, uma pequena estrutura de alumínio usada como forno, e álcool gel.
Na hora do banho, os militares têm que ter uma dose de paciência. São apenas 16 chuveiros que usam água fornecida pelos bombeiros, mantida em um resevatório ao lado da base de operações. As fardas sujas são entregues numa pequena lavanderia montada no local.
Com o forte calor dos últimos dias, aumentou também o consumo de água. São 4.500 litros de água mineral por dia, o equivalente a 3 litros por cada militar.
A rotina nos próximos meses não deverá ser muito diferente, já que o governador do Rio, Sérgio Cabral, anunciou que o Exército permanecerá no Alemão até a instalação de uma UPP (Unidade de Polícia Pacificadora).
"Nossa missão não tem prazo para acabar", disse Penkel.

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