Com forte apoio da população nas ruas, o Exército quer estender essa
popularidade para as redes sociais. Desde sexta-feira (26), início da
operação no Complexo do Alemão, a Brigada de Infantaria Pára-Quedista,
que cerca o conjunto de favelas no Rio, tem perfil no Facebook.
Na página da Brigada, são colocadas informações sobre a operação no
Alemão. No domingo (28), quando foi postada a foto do general
Sardenberg, comandante do batalhão, dentro do Complexo, usuários
comemoraram o êxito da ação.
"Vocês são meus heróis, moro bem próximo e senti-me acuada, com medo.
Torço para que obtenham êxito o quanto antes, quero minha vida de volta,
comentou a usuária Ana Cláudia Bezerra.
Até ontem, 48 pessoas seguiam o perfil. Segundo o major Fabiano Lima,
oficial de comunicação social da Brigada, a intenção é aproximar a força
militar da população. O site da Brigada teve 10 mil acessos desde
sexta-feira, volume semelhante ao que é registrado num período de um
ano.
"As pessoas estão aplaudindo os comboios do Exército que circulam pela
região. Há reconhecimento e um apoio à operação", observa o major.
A tropa que está no Alemão têm aparato semelhante ao de operações de
guerra. Os militares estão alojados numa fábrica desativada da Coca-Cola
nas proximidades do conjunto de favelas.
Foi criada uma estrutura com chuveiros, barracas, banheiros químicos e
kits de alimentação para o repouso dos 1.447 militares envolvidos na
operação -- 800 nos pontos de acesso.
É ali que está concentrada toda a alimentação dos soldados que cercam os
44 acessos ao Complexo do Alemão. São 10 mil kits de ração humana,
única refeição permitida aos militares. Quantidade suficiente para uma
semana.
"Os militares só circulam entre a base e os pontos de acesso. Eles não
podem ficar por aí. Então, toda a alimentação é provida pelo Exército",
disse comandante do 20º Batalhão Logístico da Brigada, tenente coronel
Claudio Penkel.
O kit conta com café da manhã, almoço, jantar e ceia noturna. Os
militares podem escolher, no cardápio, entre feijoada, carne seca com
abóbora e frango com legumes. De sobremesa, rapadura e jujubas.
"Na última operação próxima a favelas, soldados consumiram sorvetes
caseiros vendidos numa comunidade. Todos passaram mal, com infecção
intestinal. Então, orientamos para que não aceitem nada na rua",
acrescenta Penkel.
A ração humana vem pré-cozida. Pode ser cozinhada num kit que conta com
fósforo, uma pequena estrutura de alumínio usada como forno, e álcool
gel.
Na hora do banho, os militares têm que ter uma dose de paciência. São
apenas 16 chuveiros que usam água fornecida pelos bombeiros, mantida em
um resevatório ao lado da base de operações. As fardas sujas são
entregues numa pequena lavanderia montada no local.
Com o forte calor dos últimos dias, aumentou também o consumo de água.
São 4.500 litros de água mineral por dia, o equivalente a 3 litros por
cada militar.
A rotina nos próximos meses não deverá ser muito diferente, já que o
governador do Rio, Sérgio Cabral, anunciou que o Exército permanecerá no
Alemão até a instalação de uma UPP (Unidade de Polícia Pacificadora).
"Nossa missão não tem prazo para acabar", disse Penkel.
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