O Google revelou nesta quinta-feira uma tecnologia para ajudar a criar
confiança entre países ricos e pobres sobre projetos criados para
proteger as florestas tropicais do planeta.
A medição do sucesso de planos contra desmatamento em lugares como
Amazônia, Indonésia e Congo sempre foi uma tarefa difícil por causa de
doenças de árvores, corrupção e corte ilegal de madeira em áreas vastas e
remotas que não podem ser monitoradas em terra por cientistas.
O futuro desses planos é importante para as negociações sobre o clima
global em Cancún, que acontecem até 10 de dezembro, porque a destruição
das florestas é responsável por até 17% das emissões de gases causadores
do efeito estufa produzidos pelo homem.
A tecnologia do Google, chamada de Earth Engine, reúne grandes
quantidades de imagens de florestas feitas por satélites dos Estados
Unidos e França que são analisadas em centrais compartilhadas de
processamento de dados por meio da tecnologia de computação em nuvem. O
sistema permite que cientistas monitorem florestas a partir de seus
próprios computadores em questão de minutos ou segundos em vez de terem
de esperar horas ou dias.
O Google também quer vender, eventualmente, acesso aos aspectos
avançados da ferramenta para operadores do mercado de créditos de
carbono, autoridades e pesquisadores da área florestal.
Acordos globais entre nações para proteção de florestas têm sido
retardados pela falta de transparência e fracasso com os Estados Unidos
para aprovação de uma legislação climática que teria impulsionado o
mercado global de crédito de carbono.
Mas os negociadores em Cancún acreditam que as conversas poderão avançar
sobre um plano mundial chamado de Emissões Reduzidas a partir de
Desflorestamento e Degradação (Redd, na sigla em inglês), no qual países
ricos financiariam recursos para países pobres e em desenvolvimento
para a ajudar na proteção e restauração de florestas.
O Google espera que sua ferramenta ajude a acelerar a cooperação para a instituição do Redd.
"Como uma nação doadora consegue um nível de conforto sobre o que está
sendo registrado em projetos de proteção florestal é realmente o que
está acontecendo?", disse Rebecca Moore, gerente do Earth Engine durante
as negociações do clima promovidas pela ONU.
"O que é legal sobre o ambiente de computação em nuvem é que tanto
países doadores como em desenvolvimento têm agora as mesmas ferramentas e
os mesmos dados" para analisar evidências sobre a eficácia de projetos
de proteção, afirma Rebecca.
Estados Unidos, Japão, Noruega e outras nações ricas prometeram nas
negociações do clima do ano passado, em Copenhague, 3,5 bilhões de
dólares para financiar o desenvolvimento do Redd, cifra que poderá
crescer no futuro.
Gerry Steinlegger, um especialista suíço que trabalha para o World
Wildlife Fund, disse que ferramentas mais poderosas de análise por
satélite cortam dramaticamente os custos de monitoramento de florestas
em terra. Ele afirmou ainda que as ferramentas deverão ajudar países a
confiar uns nos outros e a trabalharem juntos.
"No final, é disso que se trata as negociações globais do clima: como
monitorar e verificar o que está acontecendo em termos de emissões e
esse projeto fornece consistência."
O Google.org, unidade filantrópica da gigante das buscas on-line, vai
doar 10 milhões de horas de computação do Earth Engine para países em
desenvolvimento nos próximos dois anos enquanto o mundo tenta chegar a
um acordo que vai suceder o Protocolo de Kyoto sobre aquecimento global.
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