sexta-feira, 16 de março de 2012

Violação de e-mail sírio indica novo tipo de guerra de informação


A divulgação de dezenas de e-mails reveladores do presidente Bashar el-Assad aponta para uma nova era de guerra de informações --tenha sido ela ação dos próprios rebeldes sírios, resultado de ajuda de agências de espionagem do Ocidente ou de hackers ativistas.
O jornal britânico "Guardian" começou a publicar na quinta-feira os detalhes do material, que, segundo a publicação, foi interceptado secretamente por integrantes da oposição na Síria entre junho e fevereiro.
Eles pararam quando outra tentativa de ação de hackers --sem relação nenhuma com a anterior e que se acredita ser do grupo "Anonymous"-- alertou as autoridades para o fato de que o sistema estava comprometido.
Os detalhes divulgados até agora vão desde a evidência do apoio iraniano à repressão na Síria ao gasto de milhares de dólares em itens de luxo pela mulher de Assad, passando pelos dados sobre as contas dele do iTunes e os seus hábitos com relação a vídeos na internet.
O "Guardian" disse ter feito várias tentativas de checar a autenticidade dos emails e acredita que a maioria (se não todos) é genuína.
A obtenção e a publicação de dados ocultos estão ficando mais fáceis, como já demonstrado pela divulgação pelo Wikileaks dos malotes diplomáticos do Departamento de Estado norte-americano e dos registros de guerra dos EUA no Iraque e no Afeganistão.
Embora a maior parte dos exemplos mais conhecidos de roubo de informações tenha ocorrido em países do Ocidente, alguns especialistas suspeitam há muito tempo que o impacto maior disso poderia se dar nos Estados autocráticos --ajudando a desestabilizar esses governos.
A guerra cibernética nos próximos anos, acreditam cada vez mais os especialistas, poderá estar relacionada à tentativa de proteger ou disseminar informações especialmente delicadas, mas também à conspiração para executar ataques cibernéticos contra a infraestrutura essencial de um país.
"Essa é a primeira vez que os insurgentes ganharam acesso às comunicações de alto nível do regime em meio a um levante", diz John Bassett, ex-oficial da agência de inteligência britânica GCHQ e agora membro do Royal United Services Institute.
"Isso poderá ser um ponto decisivo para o desenvolvimento de uma guerra cibernética."

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