Mais de 300 projetos, quatro protótipos e, ao final, uma ferramenta
digital a ser lançada neste ano. Este é o resultado de uma "hackathon"
(maratona hacker) que teve como beneficiária a Anistia Internacional.
O evento, realizado em Londres no mês passado, é uma das faces da
estratégia digital da organização não governamental, que utiliza redes
sociais e crowdsourcing (criação coletiva, em tradução livre) para
otimizar ações de defesa dos direitos humanos.
"Lançamos a 25 mil pessoas de 150 países o desafio de criar projetos de
suporte às vítimas de detenções ilegais, que não têm acesso a advogado e
familiares, podem não ter recebido acusações formais e eventualmente
estão sob tortura", relata Owen Pringle, diretor de comunicação digital
da entidade, um dos palestrantes do Fórum Mundial de Mídia Social, que
começa nesta terça-feira em Londres. "Queríamos ver o que a tecnologia
podia fazer sobre isso."
Os projetos dentre os quais sairá a ferramenta incluem um guia
interativo para familiares de detentos e uma rede de apoio com advogados
que trabalham "pro bono" e empresas de microcrédito, além de um sistema
de alerta de detenção ilegal baseado na interrupção de envio de sinal. A
iniciativa é da consultoria Ideo.
Pringle considera que ações como esta são um reflexo do estágio atual da relação entre homem e tecnologia.
"A etapa social da era digital é tão evidente que ofuscou o surgimento
da etapa 'societal', em que a própria tecnologia se torna um poderoso e
invisível possibilitador de soluções para os desafios humanos -- grandes
ou pequenos", afirma Pringle. Criados aos milhares, os aplicativos para
smartphones são o exemplo mais visível desta evolução.
REDES SOCIAIS
O impacto da evolução tecnológica na comunicação, especialmente com as
redes sociais, implicou ganhos e também mais demanda para a Anistia
Internacional.
"Felizmente, não somos mais o único canal de informação sobre violação
de direitos humanos, porém provavelmente somos mais necessários agora do
que em qualquer outra época", destaca Pringle.
Na era de dados não verificados e disseminados em tempo real, diz o
diretor, a organização agrega valor às informações que ajuda a divulgar.
Frequentemente a entidade age como validadora de denúncias com o uso de
"hashtags" (palavras-chave) no Twitter. Foi o que ocorreu no ano
passado, durante a Primavera Árabe, e ainda ocorre diante das acusações
contra o governo sírio.
Entre os beneficiados por estas ações está Faizan Rafiq, 14, preso no
Estado indiano de Jammu e Caxemira por atirar pedras. Mesmo sendo menor
de idade, ficou detido por mais de um mês sem julgamento.
Com o termo #freefaizan, a Anistia Internacional lançou uma campanha no
Twitter, rede social também usada pelo ministro-chefe da região, Omar
Abdullah. A autoridade declarou que o caso seria revisto.
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