segunda-feira, 26 de março de 2012

Anistia Internacional atrai 'geeks' em favor dos direitos humanos

Mais de 300 projetos, quatro protótipos e, ao final, uma ferramenta digital a ser lançada neste ano. Este é o resultado de uma "hackathon" (maratona hacker) que teve como beneficiária a Anistia Internacional.
O evento, realizado em Londres no mês passado, é uma das faces da estratégia digital da organização não governamental, que utiliza redes sociais e crowdsourcing (criação coletiva, em tradução livre) para otimizar ações de defesa dos direitos humanos.
"Lançamos a 25 mil pessoas de 150 países o desafio de criar projetos de suporte às vítimas de detenções ilegais, que não têm acesso a advogado e familiares, podem não ter recebido acusações formais e eventualmente estão sob tortura", relata Owen Pringle, diretor de comunicação digital da entidade, um dos palestrantes do Fórum Mundial de Mídia Social, que começa nesta terça-feira em Londres. "Queríamos ver o que a tecnologia podia fazer sobre isso."
Os projetos dentre os quais sairá a ferramenta incluem um guia interativo para familiares de detentos e uma rede de apoio com advogados que trabalham "pro bono" e empresas de microcrédito, além de um sistema de alerta de detenção ilegal baseado na interrupção de envio de sinal. A iniciativa é da consultoria Ideo.
Pringle considera que ações como esta são um reflexo do estágio atual da relação entre homem e tecnologia.
"A etapa social da era digital é tão evidente que ofuscou o surgimento da etapa 'societal', em que a própria tecnologia se torna um poderoso e invisível possibilitador de soluções para os desafios humanos -- grandes ou pequenos", afirma Pringle. Criados aos milhares, os aplicativos para smartphones são o exemplo mais visível desta evolução.
REDES SOCIAIS
O impacto da evolução tecnológica na comunicação, especialmente com as redes sociais, implicou ganhos e também mais demanda para a Anistia Internacional.
"Felizmente, não somos mais o único canal de informação sobre violação de direitos humanos, porém provavelmente somos mais necessários agora do que em qualquer outra época", destaca Pringle.
Na era de dados não verificados e disseminados em tempo real, diz o diretor, a organização agrega valor às informações que ajuda a divulgar.
Frequentemente a entidade age como validadora de denúncias com o uso de "hashtags" (palavras-chave) no Twitter. Foi o que ocorreu no ano passado, durante a Primavera Árabe, e ainda ocorre diante das acusações contra o governo sírio.
Entre os beneficiados por estas ações está Faizan Rafiq, 14, preso no Estado indiano de Jammu e Caxemira por atirar pedras. Mesmo sendo menor de idade, ficou detido por mais de um mês sem julgamento.
Com o termo #freefaizan, a Anistia Internacional lançou uma campanha no Twitter, rede social também usada pelo ministro-chefe da região, Omar Abdullah. A autoridade declarou que o caso seria revisto.

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