A Oracle poderá em breve ficar sem desculpas para explicar sua situação a investidores.
Quando os resultados da terceira maior desenvolvedora mundial de softwares ficaram aquém das previsões pela primeira vez em uma década em dezembro, a empresa culpou a imprevisibilidade da economia mundial. Parecia plausível na época.
Mas cada vez mais, evidências sugerem que a empresa está sofrendo devido a desafios que não têm nada a ver com a macroeconomia: a competição do tradicional inimigo, a SAP, a perda do importante parceiro da área de tecnologia da informação, a Hewlett-Packard, e um negócio de hardware que está se tornando um obstáculo em seu caminho.
Analistas temem cada vez mais que o negócio de hardware que a Oracle adquiriu em 2010, com a compra de US$ 5,6 bilhões da Sun Microsystems, deixou de ser rentável, com vendas aquém das expectativas.
O negócio de bancos de dados, que compõe o cerne da empresa --a Oracle é a maior desenvolvedora mundial de software de banco de dados-- pode enfrentar concorrência da SAP, que passou por uma reestruturação, até o final do ano. E a intensamente anunciada nova geração de software de gestão empresarial da Oracle, lançada em 2011 após anos de atrasos em seu desenvolvimento, ainda não conseguiu decolar.
Enquanto isso está acontecendo em um ambiente ainda instável e de grandes gastos tecnológicos, rivais da Oracle não parecem ser atingidos pelas mesmas barreiras. A SAP, a IBM, a Salesforce.com e a VMware recentemente registraram resultados relativamente fortes e previsões de alta, levando investidores a questionar se algo está errado na Oracle.
O presidente-executivo, Larry Ellison, vai divulgar seu mais recente relatório sobre a situação da empresa em 20 de março, quando a Oracle registra resultados trimestrais. Uma equipe cada vez mais cética de analistas de Wall Street analisará suas palavras e números em busca de sinais de problemas fundamentais, independentemente de se a empresa atingir as expectativas para o período.
"A Oracle é uma empresa com alguns problemas agora", disse o observador de longa data da Oracle Rick Sherlund, analista da Nomura Securities.
Essas questões se refletem no preço de sua ação, que avançou apenas 3% desde que a empresa registrou resultados trimestrais em dezembro, em comparação com uma alta de 17% no índice Nasdaq.
Autoridades da Oracle se recusaram a comentar o assunto.
A SUN FOI UM ERRO?
Alguns analistas acreditam que ter comprado a Sun prejudicou as vendas de software de Ellison, pois colocou a Oracle em concorrência direta com fabricantes de hardware que haviam sido, por muito tempo, alguns dos maiores revendedores de seus programas de banco de dados e de outros produtos.
"Eles cometeram um erro entrar no negócio de hardware. Como resolver isso, eu realmente não sei ", disse Fred Hickey, que vem monitorando a Oracle desde 1980 e é editor do Boletim Estrategista High-Tech para investidores.
Embora os fabricantes de hardware como a Hewlett-Packard, IBM e Dell Inc continuem a vender os produtos da Oracle, no momento eles estão se esforçando menos para fazê-lo, ele disse.
O problema pode ser mais preocupante no caso da HP, maior fabricante mundial de computadores.
Uma disputa teve início entre a Oracle e a HP desde que o amigo de Ellison, Mark Hurd renunciou abruptamente ao cargo de presidente-executivo em meio a um escândalo de assédio sexual.
Ellison chamou a atenção do Conselho de Administração da HP para a forma com a qual tratou do assunto, chamando-os de "covardes", e então, contratou Hurd.
As duas empresas entraram com processos, uma contra a outra, sobre a decisão da Oracle de parar de produzir softwares para computadores de alta tecnologia da HP.
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