quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012
Mundo conectado será problema e vantagem para geração Y
Há uma boa chance de que os jovens que estão crescendo no moderno mundo conectado de hoje se tornem pessoas capazes de decisões ágeis e brilhantes, caso não se transformem em indivíduos incapazes de se concentrar pelo tempo necessário para ler um bom livro.
É o que dizem 1.021 profissionais da tecnologia, críticos e estudantes pesquisados pelo Pew Research Center. Eles se dividem praticamente meio a meio sobre o impacto da tecnologia onipresente em adolescentes e jovens da chamada "geração Y".
Na pesquisa, divulgada nesta quarta-feira, 55% dos respondentes concordaram com a declaração de que, em 2020, os cérebros dos jovens terão "conexões" diferentes dos cérebros de pessoas com mais de 35 anos, permitindo bons resultados em termos de se localizar respostas rapidamente.
Mas 42% dos entrevistados se declararam pessimistas, concordando com a afirmação de que, em 2020, os jovens usuários de tecnologia se distrairão facilmente, não terão capacidade para raciocínio em profundidade e se preocuparão apenas com satisfação instantânea.
"Existe uma tensão entre os aspectos positivos e negativos daquilo que prevemos", disse Janna Anderson, professora associada da Universidade Elon, na Carolina do Norte, e uma das responsáveis pelo estudo. "No momento, muitos dos entrevistados respondem que a vida deles já é assim. Estão todos antecipando que seja esse o desfecho", disse ela à Reuters.
As previsões da pesquisa atraem atenção porque um levantamento semelhante realizado no começo dos anos de 1990 previu com precisão os conflitos que surgiriam entre a tecnologia online e os direitos autorais, as instituições estabelecidas e a proteção da privacidade, disse Anderson.
Os entrevistados ofereceram previsões coerentes sobre a capacitação de que os jovens necessitarão em 2020. Entre elas estão a capacidade de solução de problemas de maneira colaborativa; a busca efetiva de informação on-line; e a avaliação da qualidade dessa informação.
"Em contraste, a capacidade de ler alguma coisa e refletir seriamente sobre ela durante algumas horas não será desimportante, mas terá menos importância, para a maioria das pessoas", disse Jonathan Grudin, diretor de pesquisa da Microsoft e um dos entrevistados no levantamento, em um comentário citado pelo Pew.
Muitos dos pesquisados apóiam reformas educacionais para tornar jovens distraídos mais capazes de se concentrar e lidar com tecnologias de conexões sempre ativas. Entre as sugestões estão espaços de descanso, meditação, áreas de silêncio e períodos afastados de dispositivos conectados à internet.
Alvaro Retena, importante especialista em tecnologia da Hewlett-Packard, previu estagnação da tecnologia e mesmo na literatura, como resultado da redução dos períodos de concentração.
A pesquisa foi realizada online entre 28 de agosto e 31 de outubro de 2011. 40% dos pesquisados são cientistas ou funcionários de uma faculdade ou universidade e 12% trabalham para companhias de tecnologia da informação.
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