quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Microsoft apresenta Windows 8 para teste público

 Microsoft lança nesta quarta-feira a primeira versão de teste aberto do Windows 8, dando ao público a primeira oportunidade de testar o sistema operacional enxuto e reformulado por meio do qual a empresa espera restaurar a supremacia que vem perdendo no setor de tecnologia.
O Windows 8, primeiro sistema operacional Windows compatível com os microprocessadores de menor consumo de energia projetados pela ARM Holdings, poderá ser usado em tablets, além de computadores pessoais e laptops.
Tela do Windows 8; nova versão do sistema troca ícones estáticos por mosaicos móveis
 "O sistema operacional começou a ser visto, em larga medida, como irrelevante", disse Sid Parakh, analista da administradora de fundos McAdams Wright Ragen, que detém ações da Microsoft. "Esse é um lançamento que terá de provar novamente sua relevância".
Tablets, smartphones e computação em nuvem tornaram a visão de Bill Gates de "um computador em cada mesa e cada casa" uma ideia antiquada, enquanto Apple, Google e Amazon ditam a atual agenda para o setor de computação.
Ainda assim, todos os novos e poderosos aparelhos dessas empresas precisam de software operacional básico, e a Microsoft está apostando que ainda reste espaço considerável para o Windows.
"O grande incremento é que será viável para a plataforma ARM, permitindo uso no formato tablet --isso dá importância ao lançamento", disse Dan Hanson, administrador de carteiras da BlackRock, que controla 5% das ações da Microsoft em seus diversos fundos.
"A Microsoft identificou corretamente a relevância do formato tablet há mais de uma década. O novo sistema operacional pode permitir que enfim coloque suas ideias em prática", disse.
O PRODUTO
O Windows 8 terá duas versões principais: uma que funciona com os chips tradicionais da linhagem x86, fabricados pela Intel para computadores pessoais e laptops, e uma nova versão para microprocessadores ARM, que se tornaram o padrão para tablets, smartphones e outros aparelhos portáteis.
A Microsoft afirmou que planeja levar ao mercado, ao mesmo tempo, máquinas acionadas pelas versões ARM e Intel, mas ainda não definiu uma data.
Em ambas versões, o Windows 8 apresenta uma interface completamente nova, emprestada do que a Microsoft define como estilo "Metro" de seu mais recente software Windows Phone. Isso envolve blocos ou "pastilhas" que podem ser movimentadas na tela ou pressionadas para acionar aplicativos diretamente.
As pastilhas se atualizam em tempo real e, com isso, o usuário poderá verificar de imediato seus e-mails, mensagens de voz e notificações do Facebook. Se os usuários de PCs e laptops não apreciarem o novo formato, podem voltar ao estilo antigo com um simples comando de mouse.
A chave para qualquer software operacional --seja o Apple iOS usado nos iPhones e iPads, o Google Android usado em smartphones ou o Windows-- é atrair a adesão dos programadores que criam aplicativos e, quanto a isso, o Windows 8 está começando bem.
"O maior obstáculo de nossos projetistas é tentar acatar o espírito dos usuários do Metro, para os quais menos significa mais", disse Paul Murphy, diretor de desenvolvimento de negócios da Aviary, produtora de uma ferramenta fotográfica que pode ser integrada a aplicativos iOS e Android.
"Isso era um desafio, e continua sendo, mas acredito que depois de uns dois meses de experiência eles comecem a gostar da ideia e apreciem a simplicidade do design".
MUITA COISA EM JOGO
Mesmo que o Windows 8 obtenha imenso sucesso, ele pode se provar menos lucrativo para a Microsoft que seus predecessores, simplesmente porque a companhia não poderá cobrar tanto por software para um tablet de US$ 400 quanto cobrava pelo sistema que acionava um computador pessoal de US$ 1.500.
O preço médio do Windows para computadores pessoais é de cerca de US$ 80 hoje, mas no caso dos tablets deve ficar em apenas metade desse valor, segundo analistas da Sanford C Bernstein.
Wall Street antecipa alta nas vendas do Windows por pelo menos 12 meses a partir do lançamento, considerando a intensa demanda por tablets, mas não prevê uma disparada semelhante à do Windows 7.
Analistas estimam que o lucro por ação da Microsoft suba em 12% ao ano nos dois próximos anos fiscais, o que supera a projeção de crescimento zero para este ano, em função da estagnação nas vendas de computadores.
"Os próximos quatro a seis trimestres serão extremamente importantes para a Microsoft", disse Parakh. "Eles precisam provar que tem um produto competitivo não só para computadores pessoais e laptops mas para tablets e até celulares. Essa é a oportunidade deles".

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