Corre acelerado o processo de canonização do recentemente falecido Steve
Jobs. Pura pressão popular espontânea. Trata-se de um dos raros casos
de paixão mundial coletiva por um zilionário.
Poucos dias após nos deixar para sempre, foi raro o país que não teve
seu pequeno altar decorado com flores, velas, fotos de Steve e algumas
brincadeiras amorosas, porém chorosas de saudade, com um dos mais
conhecidos logotipos do mundo, aquele da maçã mordida.
Falar nisso: por que a Apple é chamada Apple? Um dos temas mais
discutidos entre os vários seminários e congraçamentos religiosos que
percorreram, e continuam a percorrer a Terra com a velocidade de um
e-mail (via um aparelho da empresa em questão, está visto).
Uma reunião de adoradores em Boca Ratón, na Flórida, Estados Unidos,
chegou à conclusão de que a explicação mais plausível está no fato de
que Steve adorava maçãs, principalmente as maçãs Macintosh, tipo
inexistente no Brasil, e que a mordida pouco tem a ver com a história de
Adão, Eva e a expulsão do Paraíso.
Simples jogo de palavras de uma mente privilegiada: a maçã é tida como
uma fruta forbidden (proibida), donde o jogo de palavras que só funciona
em inglês for-bitten fruit, pegaram? Ênfase no bitten (mordida).
A questão não está encerrada. À exceção do próprio, nada a ver com Steve
Jobs pode ser considerado encerrado. Ao menos pelos próximos 2 anos,
afirmam gurus da informática, que insistem em manter a compostura quando
todos ao redor já a perderam.
Casos bizarros de paixão ilimitada proliferam. Ao que parece, nas
Filipinas um cidadão submeteu-se e continuará a se submeter a um
processo de cirurgia plástica destinado a torná-lo mais parecido com o
magnata desaparecido.
Mais parecido, claro, antes da moléstia que o roubou deste mundo ora mais triste e desolado sem ele, Steve.
Cartórios enfrentam filas de gente querendo mudar o nome para Steve
Jobs, muitos insistindo em tê-lo grafado como iSteve iJobs. No Brasil e
na República Dominicana máscaras do homem vendem como se fossem a mais
recente versão do iPhone.
Mais recente versão do iPhone. O iPhone 4S. Foi à venda em quase todo mundo neste sábado que passou.
Milhões de fãs uivavam de tanta expectativa pelo pequeno engenho e pela
dor da perda do desbravador informático. Houve flores, recados e maçãs
nas lojas.
Foi como se Diana, a Princesa de Gales, batizada de "a princesa do povo"
por outro multi-milionário, o ex-premiê Tony Blair, estivesse dando um
bis de sua morte.
Quarteirões e mais quarteirões de filas teve o mundo e mais de 4 milhões
de unidades foram vendidas, não havendo (chorai, brasileiros, chorai!)
data marcada para seu lançamento no país do iGuaraná e do iAçaí. Em 17
cidades do mundo, Applemaníacos participaram de eventos místicos,
uniformizados com a camiseta preta rulê e as calças jeans de seu líder e
desbravador.
Num plano menos elevado, divulgou-se, logo após a douda vendagem, que as
ações daApple bateram, a 15 de outubro, sábado, um recorde mundial: US$
422. A empresa do pomo por muitos tido como de ouro atingiu um valor de
mercado arrasador: US$ 391 bilhões.
Steve Jobs: mais um desses casos que os americanos gostam de dizer que
só poderia acontecer no país deles. O filho de um imigrante muçulmano
sírio, Abdulfatah Jandali, tornar-se no mais importante ícone e emblema
da invenção, superando até mesmo o anglo-saxão Thomas Alva Edison, que
um bando de desmancha-prazeres gosta de negar e provar por A mais B que
Steve Jobs nunca inventou nada; que não passava de um magnífico designer
e adaptador de bolações dos outros.
Sem falar de que era um terror trabalhar para ou com ele. Por outro
lado, lembremos dos microsoftianos que apontam para a filantropia
contumaz do Bill Gates, tipo acabado de poltrão bobo-alegre para os
maçãneiros. A bancada Bill Gates prefere lembrar que Steve Jobs, ao
contrário de Gates, nunca deu um cent furado para a caridade e deixou
tudo para a família.
No fundo, não há luta ou disputa. A cerimônia da beatificação é uma
questão de tempo. Mas um tempo rapidinho. Já se vislumbram os primeiros
sinais de piriri entre aqueles que morderam a maçã. Nada detém a
cibernética.
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