E, segundo estudos e especialistas de segurança ouvidos pela Folha, os usuários não estão cientes dos riscos que correm e não têm com os dispositivos móveis os cuidados que dispensam aos computadores tradicionais.
O Android, do Google, é hoje o alvo preferencial dos malfeitores, por ser o sistema para smartphones mais popular do mundo e por sua natureza aberta --é possível instalar nele aplicativos de qualquer origem.
"Vemos com muita preocupação o desenvolvimento de malware nos smartphones. Há muita informação confidencial nesses dispositivos, e nós nem sempre tomamos consciência de como devemos protegê-los", afirmou à Folha o diretor da BitDefender nas Américas, Alejandro Musgrove.
"As pessoas ainda encaram os celulares como se estivéssemos nos anos 40, ou seja, como se fossem simples objetos destinados apenas a fazer ligações", afirmou o diretor-sênior de segurança móvel da McAfee, John Dasher, durante o evento Focus 11, promovido pela empresa em Las Vegas, na semana passada.
Segundo Dasher, os usuários não se dão conta de que carregam no bolso um computador completo, com vulnerabilidades equivalentes às dos PCs tradicionais ou até mais graves do que elas.
O perigo, porém, não deve se limitar a celulares e tablets, estendendo-se aos mais variados tipos de dispositivo, desde televisores até aparelhos de ginástica, que começam a ser equipados com sistemas operacionais completos e acesso à internet --a Cisco prevê que, em 2015, haverá 15 bilhões de dispositivos conectados, ou cerca de dois por habitante do planeta.
ANDROID
Entre dezembro de 2010 e julho de 2011, houve um crescimento de 238% no número de malware destinado ao Android, segundo a McAfee, que registrou cerca de 200 novas ameaças móveis no segundo trimestre de 2011.
Apesar de o Symbian ainda ser a plataforma com maior número total de malware registrado até hoje, o sistema do Google é o que mais reúne novos ataques.
Isso quer dizer que há algo intrinsicamente errado com o Android?
Para John Dasher, diretor-sênior de segurança móvel da McAfee, não. Segundo ele, o sistema do Google tem bons recursos de segurança, mas é natural que cibercrimosos priorizem a plataforma mais popular.
No mesmo período, a McAfee não registrou nenhum caso em aparelhos com iOS, da Apple --com exceção daqueles em que foi realizado jailbreak, procedimento que permite, entre outras coisas, a instalação de aplicativos de fora da App Store, rigidamente controlada pela empresa.
O diretor de informática da Kaspersky, Grant Cresswell, diverge de Dasher ao alegar que o Android tem, sim, problemas sérios de segurança.
"Depois de ter mexido em alguns aparelhos com Android por um tempo, creio que são dispositivos muito perigosos", afirmou ele neste mês, durante o lançamento de um produto da empresa na Austrália.
O Android permite que se instalem programas de qualquer fonte, não só do Android Market, repositório oficial do Google. Segundo Dasher, porém, o sistema faz um "trabalho decente" em informar ao usuário os dados a que os aplicativos têm acesso.
Ele afirma que as pessoas não atentam à lista de permissões que surge quando se instala um programa no celular. "Se um simples jogo de xadrez pede acesso à sua câmera e a seus contatos, por exemplo, você deve desconfiar dele", afirma Dasher.
E A SENHA?
"A tecnologia sozinha não vai resolver os problemas de segurança móvel", diz o executivo da McAfee, ressaltando que os usuários não estão atentos nem aos procedimentos mais básicos para manter seus aparelhos seguros --menos de 20% o protegem com senha, por exemplo.
Um caso recente de malware no Android foi revelado pela Symantec neste mês.
Aproveitando-se do fato de o aplicativo do serviço de vídeo Netflix estar disponível apenas para um número limitado de aparelhos com Android, cibercriminosos distribuíram na rede uma versão falsa, com o objetivo de roubar dados de assinantes.
À Folha o Google disse que não comenta estudos de terceiros e, citando o sistema de permissões do Android, afirmou que a plataforma é segura.
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