sábado, 27 de agosto de 2011

Desafio para a Apple virá em até 2 anos

Proposição 1: Steve Jobs é um visionário que merece lugar entre os grandes inventores norte-americanos. Proposição 2: a Apple continuará a desenvolver produtos de grande impacto sob seu sucessor Timothy Cook.
Essas duas ideias, uma delas indisputável e a segunda uma combinação de previsão e esperança, dominaram as discussões sobre a Apple um dia após Jobs deixar o posto de presidente-executivo.

Cook deve ter um ou dois anos fáceis pela frente, concorda a maioria dos analistas. A empresa continuará a lançar celulares, tablets e computadores mais rápidos, mais finos e mais leves do que os modelos precedentes.
Promovido da Vice-Presidência de Operações, Cook tem ampla experiência em garantir o suprimento dos componentes de primeira linha necessários para isso.
Mas chegará o momento em que os executivos da empresa terão de desenvolver um novo produto --como o iPod, o iPhone ou o iPad-- que crie uma categoria totalmente nova. Terão de vislumbrar o futuro e torná-lo real.
O Vale do Silício foi criado com base nesse conceito, o de que garotos em uma garagem podem criar algo capaz de derrubar a ordem estabelecida. É essa exatamente a história da Apple. No entanto, é muito mais difícil assumir grandes riscos quando você não está na garagem, e sim no comando de uma empresa de 50 mil funcionários.
Steve Jobs mostra a versão branca do iPhone 4 à época do lançamento

Cook sabe disso. Agora ele provavelmente terá muitas chances de assumir riscos.
"Eu me inclinaria por uma visão otimista", disse Michael Maccoby, consultor de gestão. "É difícil preencher o vazio deixado por Jobs, mas não impossível. Há muitos fatores positivos. A Apple criou a plataforma, a tecnologia, patentes, processos. Criou as lojas Apple. Criou atitudes entre os consumidores."
Ainda assim, gênios como Jobs não existem aos montes.
"Jobs era capaz de criar algo de belo e de remover todo fator de medo quando ao produto. O que os primeiros Macs fizeram foi dizer que um computador era somente uma ferramenta e qualquer pessoa poderia usá-la", afirmou Jay Elliott, um dos primeiros executivos da Apple.
Cook, um homem de fala mansa, tem personalidade oposta à do temperamental Jobs, o que pode representar vantagem, disse Jeffrey Pfeffer, professor de comportamento organizacional em Stanford. Sob outros critérios, os dois são bastante parecidos, e Cook poderia ser descrito como "Jobs light".
A Apple, em sua tradição de sigilo, não está agendando entrevistas com Cook, 50.
EQUIPE
Felizmente, para Cook, a Apple conta com diversos executivos que podem ajudá-lo a levar adiante o legado de Jobs --desde que permaneçam na companhia.
"Jobs foi inteligente ao se cercar de pessoas talentosas para fazer o que não era capaz ou para concretizar suas visões", disse Shaw Wu, analista da Sterne Agee.
Jonathan Ive, o vice-presidente sênior de design da Apple, tem papel crítico na companhia como responsável pela aparência e pela forma de operação de seus produtos.
Philip Schiller, o vice-presidente sênior de marketing, é outro executivo importante que ajudou a tirar a Apple da quase falência, no final dos anos 90. Ao longo dos seus 14 anos no posto, a empresa reverteu sua imagem e sua posição de vendas.
Mas um dos principais executivos da Apple já anunciou sua saída. Ron Johnson, que comandava a próspera divisão de varejo do grupo, vai assumir a presidência da cadeia de varejo norte-americana J. C. Penney.
Agora, para o bem e para o mal, as atenções estarão voltadas a Cook.

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