"No fim não foi um furacão, mas uma tempestade tropical. Houve algum dano, mas nada tão ruim quanto esperávamos. Tudo está bem aqui."
Presidente e editora-chefe do grupo de mídia AOL Huffington Post, criado com a aquisição do site pela AOL por US$ 315 milhões, em fevereiro, ela volta ao Brasil nesta quinta-feira (1º), para escolher um parceiro e lançar o Huffington Post Brasil "antes do fim do ano". Também para dar uma palestra no seminário Info@Trends, nesta sexta-feira (leia mais abaixo).
Empresária Arianna Huffington, cofundadora do Huffington Post, durante passagem no Brasil em 2010 |
Ela espera "completar as negociações" para revelar nomes, mas, questionada se incluem grupos de televisão ou imprensa, adianta que são "de múltiplas áreas, de todo espectro, não apenas uma empresa".
O site, que será o terceiro HuffPost fora dos EUA, depois de Reino Unido e Canadá, será em português, mas os estudos abrangem também uma versão em inglês, até porque "é impressionante quantas pessoas no Brasil falam inglês".
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Folha - Já encontrou o parceiro no Brasil? Arianna Huffington - Estamos tendo uma série de encontros e conversas, e estamos agora no processo de escolher qual será o melhor caminho para prosseguir. Esperamos estrear antes do fim do ano.
O site será como o Huffington Post Canadá?
Sim, basicamente uma combinação de quatro coisas: agregação de notícias, com o nosso estilo; um acervo de blogs, com pessoas que são conhecidas e não conhecidas, mas todos interessantes; comentários, para que os leitores possam interagir e participar; e também reportagens originais. Essas quatro coisas juntas, que formam o Huffington Post.
Ele começou como um agregador com blogs, mas agora tem uma redação com centenas de jornalistas. Você diria que se parece mais com uma organização tradicional de mídia?
Não, sempre será uma combinação de notícias, opinião e comentários dos leitores. O coração do Huffington Post sempre foi engajamento. Não é só conversar com os leitores, mas os leitores expressarem suas visões, contarem suas histórias, participando. É realmente a chave que distingue o Huffington Post. É engajamento e é tempo real.
Não se deve então esperar um Huffington Post diário, em papel, no futuro?
Não, tudo em nós é on-line, não impresso. Há lugar para a imprensa, eu amo ler meus jornais pela manhã, mas não é o que o Huffington Post representa. E o Brasil tem tanto engajamento social. A mídia social tem sido tão bem-sucedida no Brasil.
Você já tem alguns blogueiros alinhados?
Ah, claro, temos um bocado de blogueiros na mente, mas precisamos dar o primeiro passo. Primeiro vamos fechar nossa parceria e depois enviar os convites.
Muitos grupos de mídia dos EUA e da Europa têm vindo para o Brasil, em publicidade, imprensa. O que torna a indústria brasileira de mídia tão atraente?
Em primeiro lugar, é por causa do que está acontecendo com o crescimento da classe média. Há uma tamanha explosão de criatividade e atividade econômica que, é claro, isso torna o Brasil o lugar onde tanto as empresas de mídia como as de publicidade querem estar.
Um dos grupos é a News Corp., de Rupert Murdoch, que vai estrear o Fox Sports na virada do ano e estuda um braço local da Fox News. Como você vê esse tipo de competição aqui também?
Bem, nós somos on-line. Obviamente, teremos muitos vídeos, mas tudo o que fazemos se origina on-line. Então, é um modelo diferente. Nosso DNA é engajamento. E esse é o motivo de estarmos tão animados com o Brasil. Há 77 milhões de brasileiros na internet, e uma participação incrível. Os brasileiros são consumidores vorazes de sites de rede social, Twitter, blogs. É algo realmente extraordinário.
Você se reuniu com gente da oposição e do governo quando veio.
Sim.
Como você vê a política no Brasil? Já formou opinião?
O que é interessante é que tanto o governo como a oposição concordam em uma coisa: que o futuro do Brasil depende de elevar as pessoas da pobreza para a classe média. Isso não é visto como uma perspectiva de direita ou de esquerda, mas como o caminho para o futuro. É muito interessante, porque nos EUA, neste momento, há tamanha polarização sobre o caminho que deveríamos tomar. Pelo menos no Brasil há ampla concordância sobre o que precisa ser feito. Mas, obviamente, há desacordo sobre como chegar lá.
Com o Huffington Post Brasil, você planeja participar desse debate?
Sim, com certeza, eu adoraria que os leitores participassem desse debate em seu próprio país.
Você enfrentou há pouco um problema com um de seus jornalistas, por "excesso de agregação".
Foi um problema menor. Temos mais de 50 sites, no momento, que vão de política a livros, estilo, entretenimento, e seguimos regras estritas sobre uso justo e agregação, e estamos constantemente treinando e retreinando nossos editores para garantir que tudo seja feito corretamente. Foi um momento em que uma repórter não respeitou as regras básicas que damos. Ela agora está de volta, trabalhando conosco. Foi suspensa por um pequeno período.
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EMPRESÁRIA DÁ PALESTRA EM SP "Como as mídias sociais têm revolucionado as comunicações" é o tema da palestra de Arianna Huffington no Info@trends, nesta sexta-feira (2), às 8h30.
A inscrição para o evento, que reúne outros palestrantes e ocorre quinta (1) e sexta (2) no hotel Unique (av. Brigadeiro Luis Antonio, 4.700), em São Paulo, custa R$ 825.
Na sexta-feira, Julian Assange, fundador do WikiLeaks, faz videoconferência.
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