sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Aplicativos de mensagem para celular crescem como alternativa a SMS

Ian Castello Branco, 24, e Daphne Evangelista, 26, namoram há seis anos, vivem juntos num apartamento na Vila Mariana, em São Paulo, e trabalham na mesma agência de publicidade. Mas isso não os impede de trocar até dez mensagens diárias via telefone celular.
"Quando saímos separados, mando uma mensagem só para saber se está tudo bem. Às vezes quero só compartilhar uma imagem com ela ou fazer um comentário qualquer", conta Ian.
O casal é usuário do aplicativo WhatsApp, que permite a troca de mensagens gratuitas, entre celulares, com o uso da internet, sem interferência das operadoras. "Com esse programa temos um canal aberto 24 horas um com o outro", completa Ian.
O casal de publicitários Daphne Evangelista, 26 e Ian Castello Branco, 24 que que usam o aplicativo WhatsApp

Esses aplicativos, que tiram das telefônicas os lucros do SMS, ganham espaço no mercado. Além do Whats-App, são produtos como Facebook Messenger, Viber, iMessage (para iPhone), BBM (para BlackBerry OS) e GroupMe --este último comprado anteontem pela Microsoft, por meio do Skype.
Em julho, o Viber atingiu a marca de 12 milhões de usuários no mundo todo. Na França, na Alemanha, na Itália, na Espanha e no Reino Unido, o WhatsApp passou de 198 mil para 2,1 milhões de usuários -alta de 934%-, apontam dados da consultoria comScore.
Segundo recente estudo do banco de investimento Schroders, o crescimento do tráfego de dados pode levar à redução nos gastos dos clientes com comunicações.
Daphne é um exemplo dessa tese: "Deixamos de fazer muitas ligações e de mandar mensagens normais. Se ele não existisse, provavelmente nós nos falaríamos menos. Mas, como temos 3G e a mensagem usa muito pouco do plano de dados, podemos fazer uso praticamente livre".
A possibilidade de pagar pouco ou nada por SMS é ainda mais atraente no Brasil, onde o custo de envio de mensagens via operadoras é mais alto que a média.
Levantamento da consultoria Acision mostra que o valor do SMS aqui (que pode custar até R$ 0,35) chega a ser dez vezes maior que em alguns países da Europa e é mais que o dobro da média mundial (R$ 0,13).
Esses valores ajudam a explicar por que o brasileiro troca menos mensagens que norte-americanos e latinos.
Em 2010, mesmo com o aumento de 75% no uso de SMS, o país registrou média mensal de 21 torpedos por pessoa. Entre argentinos, são mais de cem por mês. Entre venezuelanos, mais de 200. Nos EUA, a média é de mais de 400 mensagens SMS mensais.

PAPO DE BOTECO
"Ralf, Elias e Fernandinho. Ainda tem muita coisa errada nessa lista do Mano." A crítica ao técnico da seleção brasileira, feita por Bruna Galvão, 24, a dois amigos deu início à uma típica discussão de mesa de bar.
Atacada pelos colegas corintianos, defensores de Mano, ela compartilhou a conversa, também por WhatsApp, em busca de apoio e para que outras pessoas pudessem participar do papo, mesmo ausentes no boteco naquele momento.
Bruna faz parte do grupo de amigos que inclui Ian e Daphne. São cerca de dez pessoas que usam o WhatsApp constantemente. "Mesmo quando é só direcionada para uma pessoa, eu mando a mensagem para o grupo em que todo mundo está incluído", diz.
Eles também usam muito a função de compartilhar localização do programa. Basta clicar em Share Location que uma mensagem com um mapa de onde você se encontra é enviada para o destinatário, que pode ser uma pessoa ou um grupo de amigos.
CHAMADAS DE VOZ
Danyelle Simões, 26, assessora parlamentar, prefere a simplicidade do Viber, aplicativo concorrente.
Retrito a iPhones e aparelhos com Android (o WhatsApp pode ser usado também em aparelhos com Symbian e BlackBerry OS), o Viber tem um diferencial importante sobre o WhatsApp: ele também faz chamadas de voz, como o Skype.
"O Viber é mais limpo. O WhatsApp pode até ser mais bonitinho, mas o Viber é mais simples de usar", comenta.
A qualidade do áudio é inferior ao serviço oferecido pela operadora, mas o custo, segundo Danyelle, compensa. "Minha família mora em outra cidade. Se eu tivesse que fazer interurbano toda vez, ficaria pobre!", brinca.

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