"Em menos de cinco minutos, na minha primeira entrevista de emprego com Steve, queria arremessar minha lógica e minha cautela pela janela", disse Cook, em maio do ano passado, aos formandos da Universidade Auburn (Alabama) --a mesma onde cursou engenharia.
"Minha intuição sabia que era uma chance única de trabalhar com um gênio criativo", continuou, para citar depois uma frase do ex-presidente Abraham Lincoln: "Vou me preparar, e um dia minha chance virá".
O discurso presciente --cujo vídeo está no site da universidade-- revela traços essenciais para quem tenta entender o rumo que a Apple tomará após a substituição do emocional e carismático Jobs pelo racional Cook.
Aos 50 anos, solteiro e fanático por ginástica, Cook passou pela Compaq e IBM até chegar à Apple, em 1998. Sua ascensão a braço direito de Jobs já levara a respeitada publicação gay "Out" a listá-lo como principal executivo homossexual do mundo.
É verdade que seu humor discreto e seu tom professoral cairiam melhor numa sala de aula do que diante dos espalhafatosos lançamentos de produto da Apple.
Mas, ainda que de forma mais contida, a paixão dele pela marca é evidente no discurso de 2010, e sua defesa da intuição sobre a lógica dá pistas de por que Jobs o elegeu seu sucessor.
"Tim Cook é a pessoa para manter a empresa nos eixos --se alguém pode fazê-lo, é ele", afirmou à Folha Gene Munster, do banco Piper Jaffray, um dos mais respeitados analistas de tecnologia e especialista em Apple.
"Isso, claro, considerando que ninguém pode realmente substituir Steve Jobs."
A transição era esperada, o que acalma o mercado por ora. "Cook entende a cultura da Apple, o que deve garantir a primazia da empresa em inovação", diz Munster.
Em e-mail ontem a funcionários, o novo CEO reiterou seu amor pela empresa (com essas palavras), disse que Jobs é seu mentor e prometeu que nada na Apple mudará.
Steve Jobs mostra a versão branca do iPhone 4 à época do lançamento |
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