A renúncia de Steve Jobs ao cargo de presidente-executivo da Apple, anunciada ontem (24) à noite, aumentou os rumores de que as condições de saúde do executivo tenham piorado.
O banco JPMorgan, no entanto, avalia que o impacto dessa mudança vai ser pequeno no médio prazo. "Embora a notícia possa pesar sobre as ações no curto prazo, acreditamos que o modelo da empresa foi criado para durar, sustentando uma forma de vida digital que outros representantes da indústria ainda precisam desafiar", afirmou em nota a clientes.
O banco acrescentou ainda que a notícia pode criar um ponto de entrada atrativo para investidores que querem formar posições mais longas na companhia.
As ações da Apple recuavam mais de 4% antes da abertura das Bolsas norte-americanas nesta quinta-feira, um dia após o anúncio de que o comando da empresa será passado ao vice-presidente operacional Tim Cook.
SAÍDA
Jobs, 56, anunciou na quarta-feira que deixará o cargo que ocupava desde 1997, levantando dúvidas sobre o futuro da maior empresa de tecnologia do mundo. Os motivos não foram revelados, mas o executivo está desde janeiro de licença médica --a terceira nos últimos sete anos.
"Sempre disse que, se chegasse o dia em que não poderia mais cumprir meus deveres e expectativas, eu seria o primeiro a avisá-los", disse Jobs em comunicado (leia abaixo) à diretoria da Apple. "Infelizmente esse dia chegou."
Jobs passou por um transplante de fígado há dois anos e, em 2004, descobriu que tinha uma forma rara de câncer no pâncreas.
Nas suas raras aparições neste ano, como no lançamento do iPad 2, em março, ele pareceu ainda mais magro que o normal.
Apesar de estar de licença desde o início de janeiro (nem ele nem a Apple explicaram a razão), o momento do anúncio foi considerado surpreendente, aumentando ainda mais os questionamentos sobre o estado da sua saúde.
Segundo o "Wall Street Journal", o executivo continuava envolvido nos últimos meses na empresa e na estratégia de desenvolvimento de produtos --nova versão do iPad deve chegar às lojas nos próximos meses, assim como o mais recente iPhone.
TROCA DE COMANDO
Jobs afirmou que pretende continuar como empregado, diretor e presidente do conselho da Apple e recomendou que Tim Cook, 50, que o substitui desde janeiro, assuma a presidência definitivamente.
A direção da Apple confirmou que tanto Cook será o novo presidente-executivo como que Jobs comandará o conselho.
Cook está na empresa desde 1998 e foi o responsável por transformar a cadeia de fornecedores da Apple, tornando-a mais eficiente. Mas não tem o perfil de "showman" de Jobs.
Ainda que Jobs continue trabalhando, não se sabe qual o impacto que sua saída terá nos rumos da empresa, em que ele era a principal força criativa.
Ele teve papel fundamental no renascimento da linha Mac e no desenvolvimento de produtos como iPad, iPod e iPhone, que inicialmente pareciam supérfluos, mas que se tornaram fenômenos de massa, transformando a indústria em torno deles.
Isso não quer dizer que todas as suas investidas deram certo. O serviço MobileMe e, em menor grau, o Apple TV podem ser considerados apostas fracassadas.
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