O cofundador da Microsoft, Paul Allen, acusou Bill Gates de traição em
sua autobiografia, segundo uma análise da obra publicada nesta
quarta-feira pelo "Wall Street Journal".
O conteúdo e o tom do livro, intitulado "Idea Man: A Memoir by the
Co-founder of Microsoft", causou certa surpresa na empresa onde se
acreditava que Allen e Gates mantinham uma relação de amizade que
começou quando eram crianças.
Allen reivindicou o reconhecimento público por seu trabalho na Microsoft
e garantiu que ele e não Gates que tem o mérito de muitos dos grandes
projetos que transformaram a companhia na gigante informática da
atualidade.
Tal afirmação foi questionada por alguns funcionários que viveram o
início da Microsoft, como Carl Stork, técnico assistente de Bill Gates
durante as duas últimas décadas do século passado.
"Todos nós consideramos Paul um amigo e avaliamos sua contribuição, mas
não há dúvida que Bill teve um impacto muito maior no crescimento e no
sucesso da Microsoft que ele", afirmou Stork.
Outras testemunhas indicaram que Allen atribuiu para si no livro papéis
importantes em reuniões que, aparentemente, não teria participado, mas
afirmam que teve um papel fundamental na criação da Microsoft.
Allen deixou de ocupar postos executivos na Microsoft em 1983 se
tornando uma das pessoas mais ricas do mundo. Meses depois recebeu a
notícia que tinha câncer, apesar de ter manifestado que sua saída foi
motivada por seu desencanto com o comportamento de Gates, a quem retrata
como autoritário.
Embora Allen e Gates tenham cofundado a Microsoft, o primeiro aceitou
conceder ao segundo uma maior porcentagem pela tarefa, dessa forma
repartiram as ações inicialmente em 60% para Gates e 40% para Allen, que
mais tarde se conformou com 36% dos títulos, enquanto Gates ficava com
64%.
Allen aceitou as mudanças mas quando pediu a Gates que lhe desse mais
ações por ter criado o bem-sucedido produto nos anos 1980 chamado
SoftCard, Gates se negou.
"Nesse momento, algo morreu para mim. Achava que nossa associação se
baseava em justiça, mas então vi que os interesses de Bill invalidaram
todas minhas considerações", indicou Allen.
O lançamento da autobiografia de Paul Allen está previsto para o dia 17 de abril nos Estados Unidos.
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