O publisher do "New York Times", Arthur Sulzberger Jr., afirmou no ano
passado que as pessoas, se quiserem, sempre encontrarão um jeito de não
pagar pelo jornal. "Você pode roubar uma edição da banca."
O sistema de cobrança do jornal americano pelo seu conteúdo na internet e
para tablets e smartphones, inaugurado ontem, não exige tanto esforço.
Para não perder a receita, cada vez mais importante, da publicidade
on-line, o "Times" deixou várias brechas para as redes sociais, como
Facebook e Twitter.
De maneira mais clara: o limite de 20 artigos gratuitos mensais no site
"New York Times" não existe para quem vem das redes. Mesmo que o leitor
tenha extrapolado a cota mensal, se clicar em um link do Twitter, poderá
ler sem problema o conteúdo.
Por isso mesmo, alguns perfis já estão sendo criados para poder pular o
"muro de cobrança ("paywall", em inglês)" do "New York Times".
O mais famoso deles é o twitter.com/freeNYTimes, que agrega links
colocados pelos perfis oficiais no site do próprio "New York Times" e
pelos seus jornalistas.
Também permite a leitura diária de cinco artigos de links de sites de
busca. Ou seja, é possível ler cinco páginas todo dia vindo do Google,
cinco do Bing e até do quase esquecido Altavista.
O jornal avisou, porém, que pode alterar o sistema de medição do número
de páginas visitadas. Por enquanto, usa cookies (registros dos sites
visitados pelo PC).
Segundo o especialista em mídias sociais Sree Sreenivasan, da
Universidade Columbia, em Nova York, o sistema de cobrança do "Times" é o
mais "poroso" que existe.
Isso porque a receita digital é cada vez mais importante para o grupo:
de 13,8% do faturamento total em 2009 passou para 16,2% em 2010.
Por isso, o jornal prefere não arriscar perder esse público, ao
contrário do que fez o "Times" britânico no ano passado, que fechou todo
seu conteúdo.
Ainda assim, Sreenivasan afirma acreditar que o sistema será um sucesso.
MURO DE VERDADE
"Vamos imaginar que seja um muro de verdade [o sistema de cobrança].
Você chega a ele e não consegue avançar. Agora, se andar 200 milhas, vai
conseguir atravessá-lo. Porém, haverá gente que acha que não vale a
pena o esforço."
Para ele, a maioria das pessoas não vai querer assinar, mas existe uma
"cultura crescente" de pagar pelos produtos na web, como música, que vai
permitir ao "Times" aumentar a sua receita.
"Sempre haverá coisas grátis. A igreja oferece café grátis, mas você
prefere ir a outro lugar e pagar. Com o "New York Times", é a mesma
coisa. Existem outros fatores, como a confiabilidade e a qualidade do
serviço."
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