Os principais mercados atuais para o comércio eletrônico mundial -
Estados Unidos e países da Europa Ocidental - devem perder espaço para
economias emergentes até 2015.
A conclusão é do levantamento da consultoria Forrester Research,
apresentado essa semana no evento do varejo americano, em Nova York.
Hoje essaa nações representam mais de 50% das vendas virtuais de R$
805,5 bilhões (US$ 450 bilhões, mas vão perder espaço para transações
feitas na China, Brasil, México, Índia e também em economias como Japão e
Coreia do Sul.
"A mudança significativa no perfil das vendas on-line no mundo está
relacionada principalmente ao avanço da internet nesses países entre os
consumidores e às novas formas de interação, como o comércio social",
disse Zia Wigder, diretora de pesquisas da Forrester Research.
O comércio eletrônico brasileiro cresceu 21% em 2011 e chegou a R$ 21,5
bilhões. O volume representou 2,2% das vendas on-line mundiais.
A expectativa é que a participação brasileira passe para cerca de 3% do
comércio eletrônico mundial - ou R$ 39,3 bilhões de R$ 1,25 trilhão -
nos próximos três anos, segundo a consultoria.
Apesar de o número parecer pouco expressivo, principalmente ante os 22%
que devem ser conquistados pela China no mesmo período - com R$ 285,3
bilhões -, o Brasil é considerado um dos países com maior potencial para
as vendas on-line.
Isso porque registrará expansão do alcance do número de consumidores na
internet, diversificação dos produtos comercializados e a chegada de
grupos internacionais, que impulsionarão o setor.
Hoje são cerca de 30 milhões de brasileiros que compram pela internet entre 91 milhões de usuários da rede.
BRASIL E CHINA
Brasil e China foram apontados durantes do evento como os principais
mercados on-line a serem explorados, embora tenham perfis e maturidade
diferentes para as vendas virtuais.
Enquanto na China o comércio virtual é extremamente pulverizado com os
20 maiores varejistas representando apenas 8,4% das vendas na internet,
no Brasil essa mesma quantidade de empresas tem 70% de participação,
puxadas pela B2W, que controla Submarino e Americanas.com.
Outra diferença significativa é o tipo de produto consumido.
"Os chineses já têm cultura de compra de praticamente de tudo na
internet, de roupas a eletrônicos. A próxima fronteira prevê a chegada
de marcas internacionais e de luxo para a venda virtual", diz Angela
Kapp, consultora especializada em vendas no mercado chinês e
vice-presidente do clube on-line de vendas de luxo Hui She Shang.
Já no Brasil, eletrônicos e livros estão entre os campeões de vendas e a etapa atual é o amadurecimento de outras categorias.
"Gradualmente vemos a evolução de outros tipos de produto sendo
explorados pelas vendas on-line brasileiras e também os sites de nicho
ganhando espaço", diz Gastão Mattos, presidente da Braspag, de sistemas
de pagamento e serviços financeiros pertencente à Cielo.
As vendas on-line na China estão concentradas em quatro cidades
principais, de acordo com Kapp --Pequim, Xangai, Guandong e Jiangsu,
enquanto no Brasil os internautas crescem praticamente em todas as
regiões do país.
INVESTIMENTO
Para os estrangeiros que querem investir em comércio eletrônico nos dois países, os desafios também são bem diferentes.
"Hoje, a principal questão para as empresas internacionais que querem
operar comercialmente na China, entre elas a de comércio eletrônico, é
lidar com questões relativas a proteção de propriedade intelectual,
ainda com pontos muito frágeis no país", afirma a executiva.
"Entender a cultura de controle da internet no país também é desafiador", diz.
De acordo com Mattos, no Brasil um dos desafios é combater as fraudes
com cartões de crédito nas vendas on-line. Hoje 1% das transações
envolvendo o meio de pagamento são fraudulentas. Outra questão a ser
superada tanto pelas novas empresas de comércio eletrônico no país
quanto por aquelas que já existem é o gargalo na distribuição logística.
Hoje existem apenas seis empresas privadas especializadas em transporte
de cargas vendidas pela internet - além dos Correios, principal
distribuidor no país com 33% de participação.
"Haverá um gargalo expressivo nos próximos anos com o crescimento do
comércio eletrônico no Brasil. Essas empresas não suportarão o aumento
de 25% de cargas a serem transportadas no país", diz Mattos.
O evento da Federação Nacional do Varejo dos EUA em Nova York reuniu
cerca de 24 mil pessoas. A delegação brasileira foi a maior entre os
participantes internacionais, com 4.300 pessoas.
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