Pelo menos 431 milhões de pessoas no mundo todo foram diretamente
afetadas em 2011 por algum tipo de ataque cibernético com "componente
criminoso direto", afirmou nesta terça-feira (31) o diretor do Unitar
(Instituto das Nações Unidas para Formação e Pesquisa), Carlos Lopes.
O diretor do Unitar defendeu a necessidade de buscar "uma solução
global" para o crime eletrônico e estabelecer um marco comum de
segurança.
Lopes participou de um painel de alto nível sobre o Programa de
Cibersegurança e Crime Eletrônico, que hoje reuniu em Genebra diplomatas
e representantes de agências das Nações Unidas e empresas de segurança
na rede.
O secretário-geral da UIT (União Internacional de Telecomunicações),
Hamadoun Touré, que também participou do debate, concordou em propor "um
acordo comum" do qual participem tanto representantes do setor privado
como todos os países, "já que, se um ficar de fora, o hacker pode
trabalhar a partir dali".
Em 2011, empresas e instituições de todo o mundo gastaram US$ 338
bilhões para combater este tipo de ataques, dois terços dos quais foram
delitos de fraude econômica ou spam.
O secretário do departamento de Novos Desafios e Ameaças do Ministério
de Relações Exteriores russo, Ernest Chernukhin, apontou que o crime
eletrônico teve em 2011 um rendimento financeiro estimado em US$ 12,5
bilhões.
Lopes afirmou que durante os últimos anos os ataques cibernéticos têm
experimentado "um crescimento exponencial", especialmente no caso de
ações contra centros de inteligência, que antes eram menos vulneráveis
por contar com sistemas de segurança mais sofisticados que os demais.
"Os países emergentes desenvolveram muita tecnologia, e a Rússia também
está empregando agora tudo o que desenvolveu na época soviética",
acrescentou, lembrando que no ano passado grande parte dos ataques
cibernéticos procedeu de países emergentes como Índia, China e Brasil.
Além disso, indicou que os países emergentes "estão se especializando em
diferentes tipos de crime eletrônico". Enquanto no Brasil estão "mais
especializados" em ataques a instituições publicas, na Nigéria os
hackers focam pessoas e, na China, espionagem industrial.
O representante do UNODC (Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e
Crime), John Sandage, assegurou que uma das prioridades é ajudar os
países emergentes em matéria de segurança cibernética para evitar
futuros ataques.
Ele explicou que o número de servidores seguros aumentou notavelmente
nos últimos anos nos países industrializados, mas não tanto assim nos
emergentes, onde, opinou, "é necessária ajuda para enfrentar o crime
eletrônico".
"A conectividade sem fio na África cresce 1.000% a cada ano; com isto,
aparecem riscos muito diferentes, e ainda não existem sistemas de
segurança apropriados", lamentou Lopes.
Entre os países "menos preparados" para enfrentar os ataques
cibernéticos estão, segundo um estudo elaborado pela empresa de
informática McAfee, Brasil, México, Índia e Romênia.
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