A Amazon.com está testando a paciência de Wall Street ao alardear repetidamente o sucesso de vendas de seu aparelho leitor de livros digitais Kindle sem fornecer dados específicos sobre o desempenho comercial do produto.
Em uma sucessão de anúncios à imprensa nos últimos meses, a Amazon vem destacando o Kindle como best seller em todas as categorias de produtos. Essas alegações ajudaram a estimular uma alta ainda maior no preço já ascendente das ações da empresa, justificado por seu crescente domínio do setor de varejo on-line.
No dia seguinte ao Natal, a companhia anunciou que o Kindle havia se tornado o presente mais comprado de sua história, e que as vendas de livros eletrônicos haviam superado as de livros em papel, no período de festas. Anteriormente, a Amazon havia anunciado que o Kindle havia registrado suas melhores vendas de todos os tempos de dezembro, e isso ainda na metade do mês.
Em nenhum desses exemplos recentes a Amazon anunciou o número de Kindles ou livros eletrônicos lidos, e nem a porcentagem de aumento das vendas. Em mensagem, uma porta-voz diz que a Amazon não revela volumes de vendas por norma interna da companhia.
Paciência
Mas a paciência dos investidores sobre a falta de detalhes começou a se desgastar, especialmente depois que as ações da Amazon atingiram cotação recorde no começo de dezembro, devido à expectativa de que a empresa apresentará um dos maiores crescimentos de vendas da passada temporada de festas de fim de ano.
O benefício da dúvida pode passar por teste ainda mais severo em 2010, com a chegada de novos leitores eletrônicos ao mercado para desafiar o Kindle.
"Enquanto a Amazon mantiver as margens corretas e os números certos de lucro no final de cada trimestre, provavelmente conseguirá manter essa prática", disse James McQuivey, analista da Forrester Research.
Mas caso o sucesso do Kindle se reduza e a Amazon continue a manter os investidores no escuro, eles poderiam se voltar contra a empresa.
"Poderia haver correção de 10, 15 ou 20% devido ao elevado fator de incerteza", disse McQuivey. "Em caso de más notícias, as pessoas sempre imaginam o pior."
Líder
A Forrester estima que o Kindle, que foi lançado em 2007, tem uma participação no mercado norte-americano de cerca de 55%, na frente de aparelhos Sony e do recém lançado Nook, da Barnes & Noble. O site de varejo afirma que 2,5 milhões de Kindles foram vendidos até agora, segundo pesquisa com consumidores.
A companhia de investimentos Cowen & Co espera que a Amazon tenha registrado vendas de 500 mil unidades do Kindle apenas no último trimestre de 2009.
Nesse ponto, analistas estimam que o Kindle represente menos de 2% das vendas esperadas de US$ 8,9 bilhões da Amazon para o quarto trimestre do ano passado.
Enquanto isso, cerca de 25% da receita da Amazon vem de seu negócio original de vendas de livros. Conforme os leitores se adaptam a formatos eletrônicos, o Kindle e a loja de livros digitais da empresa podem ver sua importância crescer.
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