Ao anunciar publicamente ter sido alvo de ciberataques lançados a partir da China, o gigante da internet Google quebrou a lei do silêncio. No entanto, a famosa ferramenta de busca continua se recusando a revelar que propriedade intelectual os piratas virtuais conseguiram lhe tomar.
Poucas empresas americanas estão dispostas a admitir que foram vítimas de tais ataques.
"Meus 20 anos de experiência me mostraram que a maior fraqueza das empresas frente à espionagem econômica é a cultura dos conselhos de administração", explicou Richard Power, especialista em segurança e autor de um livro sobre o assunto ("Secrets Stolen, Fortunes Lost: Preventing Economic Espionage and Intellectual Property Theft in the 21st Century").
"Os diretores preferem pensar que só acontece nos filmes. Não conseguimos avaliar as perdas pelo mesmo motivo: eles não querem fazer a conta", prosseguiu.
O número de US$ 250 bilhões frequentemente citado como o prejuízo anual decorrente da espionagem econômica não é fácil de verificar, ainda mais porque a espionagem migrou para a internet.
"Por que assumir o risco de infiltrar uma pessoa na empresa, quando se pode recuperar a informação sentado diante de um computador em outro país?", perguntou Power, admitindo, porém, que o roubo de segredos por funcionários ou sócios segue sendo uma ameaça.
"Eles utilizam os mesmos métodos que os hackers para obter informações valiosas. É um jogo de gato e rato", afirmou Rick Howard, diretor de inteligência na iDefense Labs.
"Os telefones celulares vão causar muitos problemas, pois não foram concebidos para ser seguros", disse.
"A espionagem econômica é praticada tanto por concorrentes e mercenários como por governos estrangeiros. Há 13 nações que dizem que a lista tem 12 países, porque não se incluem nela", disse Power.
Em 1996, os Estados Unidos aprovaram uma lei, a Economic Espionage Act, que transforma o roubo de segredos de fabricação em crime federal. No entanto, processos são raros. Em novembro passado, dois engenheiros chineses acusados de roubar informações foram absolvidos.
"O departamento de Justiça é incompetente para julgar os casos de espionagem. Os criminosos raramente são condenados", lamentou Stephen Fink, presidente da Lexicon Communications Corp, uma agência de gestão de crises.
"A cibersegurança era maior durante a presidência de Bill Clinton, o Economic Espionage Act era poderoso. Porém, depois do dia 11 de setembro de 2001, nossas prioridades mudaram, e perdemos oito anos", estimou Richard Power.
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