sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Físicos usam "visão de Super-Homem" para atravessar material opaco

Não é exatamente uma visão de raios-X, mas foi descoberta uma maneira de transmitir imagens simples através de objetos opacos, utilizando luz comum. Físicos usaram o método para projetar uma imagem por vidro coberto de tinta grossa.
Algumas coisas que consideramos opacas --"impossível de ver através delas", de acordo com definição do Novo Dicionário Oxford-- são levemente translúcidas, o que significa que alguma luz de fato consegue passar.

Entretanto, ela fica tão espalhada enquanto colide com o interior atômico dos materiais, que físicos pensavam que estava além do alcance prático conseguir ver o do outro lado do objeto.
Um experimento de 2007 que conseguiu direcionar luz através de cascas de ovo e dentes humanos demonstrou que havia sim possibilidades em cumprir este objetivo, contudo.
Agora, as primeiras imagens simples foram transmitidas através de um objeto opaco e reconstruídas do outro lado, pelo físico Sylvain Gigan e colegas, na École Supérieure de Physique et de Chimie Industrielles, em Paris, França.
Reconstrução
Por engenharia reversa do processo de espalhamento, a equipe foi capaz de reconstruir uma imagem da luz que tinha passado através da camada opaca de tinta.
O espalhamento é complexo, mas também é previsível: a mesma onda de luz sempre vai se espalhar da mesma maneira.
A maneira como um objeto particular espalha luz é conhecida como sua matriz de transmissão. "Se a [camada de tinta] é um labirinto para a luz, então você poderia considerar a matriz de transmissão como o seu mapa", diz Gigan.
Sua equipe calculou a matriz de transmissão para o deslizamento através de seu vidro pintado atingindo-o com um raio laser fraco mais de mil vezes, mudando a forma do raio a cada vez. Para isso, foi utilizado um modulador de luz espacial --o mesmo aparelho usado para controlar a luz emergindo de um projetor de vídeo.
Uma câmera digital no outro lado do vidro detectou os diferentes padrões de espalhamento produzidos a cada vez. Comparando o que a câmera via com o que havia sido feito ao raio laser, a equipe mediu a matriz de transmissão completa da imagem.
Imagem invisível
Se uma simples imagem era então projetada, uma pessoa simplesmente olhando ao vidro pintado pelo outro lado poderia ver somente um brilho uniforme.
Mas a equipe utilizou conhecimentos sobre a matriz de transmissão para decodificar os vestígios fracos e desarrumados que alcançaram a câmera digital e reconstruíram a imagem.
"Uma vez que a matriz é conhecida, reconstruir a imagem é muito rápido", diz Gigan. "Nós podemos alcançar quase uma qualidade de vídeo no foco e produção da imagem."
No entanto, será necessário algum tempo antes que a técnica seja utilizada para transmitir e reconstruir qualquer imagem realmente interessante.
Quadrados
As imagens de teste foram padrões muito simples: uma rede quadriculada retangular de 256 pixels com certos punhados de seus quadrados mais brilhantes.
"A qualidade das imagens degrada rapidamente quando se aumenta o número de pixels, porque a razão sinal-ruído cai", diz Gigan, embora ele diga que haja "espaço para melhoras" com estudos futuros.
Allard Mosk, na Universidade de Twente, em Enschede, Holanda, um dos que direcionaram a luz através de cascas de ovo e dentes em 2007, afirmou estar impressionado.
"Nós podemos ver que, tecnicamente, este trabalho está no começo de uma longa e excitante estrada", afirma ele. "Apesar de, no momento, a técnica estar restrita a simples imagens de 256 pixels, ele acredita que outros grupos pelo mundo agora vão se inspirar a enviar imagens maiores e mais complexas através de objetos opacos.

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