A próxima revolução da telefonia deve mudar a forma como pagamos as contas.
Uma corrida frenética une fabricantes de aparelhos, teles, bancos, operadoras de cartão e desenvolvedoras de chips para fazer do celular (também) a sua carteira.
Esse foi um tema central do Mobile World Congress, maior evento do setor de telefonia, realizado na última semana em Barcelona.
Diferentes tecnologias impulsionam a corrida. A estrela, já não tão nova, se chama NFC ("near field communication", na sigla em inglês).
É uma transmissão de dados sem fio que funciona ao aproximar o celular do terminal de cobrança. Um processo parecido com o que ocorre hoje com os cartões, mas não é necessário contato.
As novidades nesse front se acumulam.
No mês que vem, a Vodafone, gigante global da telefonia, vai oferecer serviços de cobrança com NFC em cinco países europeus, numa parceria com a Visa.
A Visa que, por sua vez, se uniu à Samsung para colocar nas ruas de Londres, nos Jogos Olímpicos deste ano, um sistema de pagamento via celular que vai funcionar até no transporte público.
Demonstração de sistema de pagamento com telefone celular da Visa durante o Mobile World Congress |
Ainda no mercado americano, um grupo chamado Isis, união das operadoras AT&T, Verizon e T-Mobile, lançará neste ano sua própria carteira para celular.
Com tantos atores de áreas tão diferentes para agrupar, fica fácil entender por que a revolução demorou a deslanchar -já se vão mais de seis anos desde que a revista "Economist" publicou reportagem sobre o NFC sob o título "Num futuro muito em breve".
A GSMA, associação de operadoras e fabricantes de celulares, acredita que o "muito em breve" chegou.
Estima que nos próximos três anos seja vendido 1,5 bilhão de celulares com tecnologia NFC, o que equivale a um quarto do total de linhas existentes hoje no mundo.
E O BRASIL?
As empresas veem uma chance clara de lançar no Brasil celulares capazes de substituir os cartões e enxergam também um grande caminho de inclusão bancária, já que 40% da população não tem conta corrente. A Visa diz conversar com teles brasileiras para implementar a tecnologia, mas não dá prazo.
A vantagem é que já há uma base grande instalada de aparelhos e cartões com chip. "Dar o passo para o celular é mais fácil a partir daí", diz Rodrigo Meirelles, diretor da Visa para pagamentos móveis na América Latina.
O xadrez passa pelo governo. O Ministério das Comunicações defende que o dinheiro que girar nos celulares esteja atrelado a uma conta bancária -algo que será discutido com o Banco Central ainda neste mês.
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OUTROS USOS DO NFCProjetos apresentados em Barcelona
Hotéis
Uma rede de hotéis da Escandinávia começa agora a usar um sistema, criado pela empresa NFX, em que o celular do hóspede abre a porta do quarto
Carros
No protótipo da empresa Continental, você pode ligar o carro com o celular, que tem gravada a "chave" de um ou mais automóveis
Restaurantes
Na mesa, há um símbolo do NFC. Você aproxima o celular, e o menu aparece na tela. O pedido é feito pelo celular e chega, via Gmail, ao chefe de cozinha
Bafômetro
A capa de um protótipo de celular japonês tem um sensor no qual você sopra. Via NFC, o sensor transmite a informação ao telefone, que calcula na hora o seu nível alcoólico
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TECPÉDIAPAGAMENTO MÓVEL
GSMA
Associação que reúne mais de mil operadoras e fabricantes de celular, organiza o Mobile World Congress, em Barcelona, e tem sido responsável por impulsionar o NFC em todo o mundo
NFC ("near field communication")
Padrão de tecnologia para comunicação sem fio de curta distância entre dispositivos
SIM CARD
Cartão interno do celular, tem um circuito que reúne informações que identificam o dono do aparelho
SMS
Serviço de envio de mensagens de texto, amplamente utilizado em todo o mundo
MALWARE
Nome usado de forma genérica para se referir a códigos ou programas maliciosos
WI-FI
Padrão de transmissão sem fio de dados, tem alcance geográfico maior que o NFC
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