Um moderno prédio de nove andares em Quito, que mais parece um hotel,
será o primeiro grande cemitério vertical da América, que contará com
conexões de vídeo pela internet para que os familiares, tanto no Equador
como em outros países, possam se sentir próximos a seus entes queridos.
Construído com tijolo aparente e vidraças escuras em uma área
residencial e comercial de Quito, o "Memorial Necrópole" deverá abrigar
as cinzas de até 24 mil mortos, afirmou à Agência Efe Marianela Mejía,
gerente de negócios corporativos.
Os cofres com os restos mortais ficarão em urnas de 35 centímetros
cúbicos cada uma, de madeira e com vidros frontais, organizadas em
fileiras e colunas que vão de parede a parede e do piso ao teto.
Cada uma das urnas poderá abrigar até dois cofres funerários e o
edifício contará também com capela, lanchonete, creche, uma sala de
ajuda emocional e outra chamada de "último adeus", onde os parentes
poderão se despedir do morto antes da cremação, explicou Marianela.
A iniciativa se adapta ainda aos padrões municipais para aproveitar os
espaços com construções verticais, favoráveis ao entorno e o ambiente.
O prédio, que pertence ao grupo funerário Memorial, será inaugurado em
15 de março e neste momento um grupo de operários faz "os últimos
ajustes", embora em suas vitrines em um de seus andares já estejam os
cofres com as cinzas de 500 mortos.
Para Marianela, o cemitério não é apenas uma alternativa funerária, mas
uma opção integral diante de algo "inevitável e doloroso".
Um sofisticado sistema de vídeo permitirá aos familiares dos mortos
observarem on-line, de onde estiverem e a qualquer hora, as urnas de
seus entes queridos, para "quando quiserem conversar ou estar perto
deles".
Esse serviço também "é importante para os migrantes" que não podem ir ao
funeral, já que "poderão estar presentes de forma virtual, por meio de
videoconferências", informou Marianela.
A equipe inclui ainda psicólogos que atendem os parentes e dão
orientação espiritual, já que a ideia é "criar uma atmosfera de
tranquilidade" para os familiares "conseguirem sair rápido" do choque
provocado pela perda de um ente querido.
Os organizadores também cuidaram dos aspectos ambientais para cumprir
"todas as normativas nacionais e internacionais", acrescentou Marianela,
que destacou a incorporação de um moderno "forno crematório de alta
tecnologia" para garantir a meta de "poluição zero".
Segundo a gerente, a necrópole de Quito é a primeira desse tipo na
América e o grupo Memorial prevê ampliar a franquia para outros países
como o Chile e a Colômbia.
No Equador, a empresa pretende construir prédios similares no sul de
Quito, na cidade litorânea de Manta e em Guayaquil, a mais povoada do
país.
Em Guayaquil, o cemitério ficará próximo ao estádio de um time de
futebol, que ainda não foi informado, já que muitos torcedores querem
estar perto de seu clube quando morrem, disse a gerente.
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