quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Site para pular cerca tem prostituição e falha de segurança

Em expansão no país desde que estrearam, há dois meses, os sites de traição não têm só pessoas comprometidas à procura de amantes.
Ao testá-los, a Folha encontrou garotas de programa, homens se passando por mulheres para não pagar e, no mais popular deles no Brasil, uma falha grave de segurança.
Mudando um único dígito no endereço de álbuns públicos do Ohhtel, era possível ver fotos privadas de qualquer usuário. O problema ocorreu desde o lançamento desse site no Brasil, em julho, e só foi corrigido no último fim de semana, após contato da Folha.
O Ashley Madison afirma ter 10,5 milhões de usuários no mundo todo, 130 mil deles no país. O Ohhtel tem menos usuários no total --2 milhões--, mas supera o concorrente no Brasil: 282 mil.

GATO POR LEBRE
Os serviços são totalmente gratuitos para mulheres. Homens podem se cadastrar de graça, mas, para contatá-las, precisam comprar pacotes de créditos que custam entre R$ 60 e R$ 80, no mínimo.
Alguns usuários do sexo masculino, porém, se cadastram como mulheres para usufruir da gratuidade.
Uma busca rápida por mulheres no Ohhtel, por exemplo, retorna perfis com avisos como "sou homem... procuro mulheres para sexo".
"Um homem pode se inscrever no Ohhtel como uma mulher e usar o serviço gratuitamente, mas ele não será capaz de falar com as mulheres", afirma Jackson Roberts, diretor do Ohhtel. "O site só permite a perfis masculinos falar com perfis femininos, e os perfis de mulheres só podem falar com homens."
O sistema de verificação de fotos do Ashley Madison também serve para impedir que homens se façam passar por mulheres, afirma Eduardo Borges, representante do Ashley Madison no Brasil.
PROSTITUIÇÃO
"Olá, se você está procurando diversão e quer passar um bom momento com alguém que você pode encontrar regularmente, eu gostaria de ouvir o que você tem a dizer", dizia uma mensagem enviada à Folha por um perfil de prostituição. As regras de ambos os serviços proíbem qualquer tipo de comércio.
O Ohhtel e o Ashley Madison afirmam contar com monitoramento de atividades suspeitas e com denúncias dos próprios usuários.
"A prostituta vai se comportar de maneira diferente do que uma usuária comum", afirma Roberts. "Por exemplo, vai enviar a mesma mensagem para muitos homens ao mesmo tempo."

Segundo o diretor do Ohhtel, se forem constatadas atividades proibidas pelo site, o perfil será removido e seu endereço IP será bloqueado.
Um usuário do site ouvido pela Folha gastou créditos para abrir a mensagem de um perfil de prostituição.
Depois de mandar um e-mail para o suporte, foi ressarcido e recebeu uma resposta cheia de erros de português: "Essas mensagems foram do servico de prostituacao querendo fazer negocios. Nos apagamos os perfiles falsos do nosso site e as mensagems que estavam dentro do seu email", dizia um trecho da mensagem.
No Ashley Madison, as fotos enviadas precisam ser aprovadas antes da publicação. "Isso inibe fotos falsas, de gente famosa, por exemplo", diz Borges.
FALHA DE SEGURANÇA
Durante a apuração desta reportagem, a Folha descobriu um problema grave de segurança no Ohhtel que permitia ver as fotos privadas de praticamente qualquer usuário do site. Bastava trocar um número no endereço virtual do álbum.
O analista de sistemas que encontrou a falha entrou em contato com o Ohhtel em 18 de agosto para alertar a empresa sobre o problema.
Enviou duas mensagens, uma em inglês e outra em português, mas nenhuma delas foi respondida.
Na última sexta, a Folha relatou a falha à assessoria de imprensa do Ohhtel. "Este foi um 'bug' [problema técnico] temporário no nosso sistema, que nós identificamos e corrigimos dentro de 72 horas", respondeu Roberts.

PARA AS MULHERES
"Criamos o Ohhtel para as mulheres", afirma Roberts.
O discurso é o mesmo de Eduardo Borges, representante do Ashley Madison no Brasil. "O homem consegue trair com mais facilidade na sociedade. A mulher, não."
Segundo Borges, o Ashley Madison costuma ter picos de novos cadastros nos dias seguintes aos de datas comemorativas. "As pessoas passam a data com seu par e descobrem que não estão satisfeitas com o casamento. No dia seguinte, entram no site."
Em média, o Ashley Madison ganha 3.300 usuários por dia no Brasil. No Dia do Amante, na quinta-feira passada (22), o número dobrou: 6.867, segundo maior pico do site, depois do Dia dos Pais, quando entraram 22 mil membros novos.








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