Companhias de internet como Google, Facebook e Twitter estão sendo cada
vez mais frequentemente associadas a operações de vigilância,
considerando que as informações que recolhem se mostram irresistíveis
para as agências policiais, disseram especialistas em web nesta semana.
Ainda que essas empresas tentem manter a confidencialidade das
informações de seus usuários, seus modelos de negócios dependem de
explorar esses dados para a venda de publicidade direcionada e, quando
os governos exigem que as informações lhes sejam transmitidas, elas têm
poucas chances a não ser acatar.
Indicações de que a RIM (Research in Motion), fabricante do BlackBerry,
poderia fornecer à polícia britânica dados sobre os usuários de seu
serviço de mensagens instantâneas, depois que este foi usado para
coordenar manifestações em Londres no mês passado, causaram indignação
--da mesma forma que a espionagem de governos mais opressivos contra os
usuários de mídias sociais.
Mas o vasto volume de dados pessoais que empresas como o Google recolhem
para executar suas operações se tornou precioso demais para que
governos e a polícia possam ignorá-los, disseram representantes do setor
durante o Internet Governance Forum, em Nairóbi.
"Quando existe a possibilidade de que a informação seja obtida, algo que
no passado seria impossível, é perfeitamente compreensível que as
agências policiais se interessem," disse o vice-presidente de divulgação
de Internet no Google, Vint Cerf, em entrevista à Reuters.
"A questão passaria a ser determinar quais são as normas corretas, e
isso evidentemente gera muito debate," afirmou Cerf, visto como um dos
"pais da internet" por seu trabalho inicial em áreas que incluem
protocolos de comunicação e e-mail.
Demandas governamentais para que empresas de internet forneçam
informações sobre usuários se tornaram rotina, de acordo com Christopher
Soghoian, pesquisador e ativista da privacidade online que baseia seu
trabalho nas leis nacionais de acesso à informação.
"Toda empresa de telecomunicações e internet dos Estados Unidos conta
com uma equipe considerável de funcionários cujo único trabalho é
responder a pedidos de informação," disse Soghoian em entrevista à
Reuters.
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