O consumidor brasileiro de produtos eletrônicos está reclamando mais,
não deixando barato quando os fornecedores demoram para entregar
produtos ou entregam equipamentos com defeitos.
As queixas envolvendo problemas com eletroeletrônicos cresceram 18,6% em
2010, com 153,6 mil demandas registradas no Sindec (Sistema Nacional de
Informações de Defesa do Consumidor), que consolida as reclamações que
chegam às unidades do Procon em 23 Estados e no Distrito Federal.
O balanço completo feito pelo Sindec será divulgado no final deste mês, mas a Folha
obteve com exclusividade os dados relativos à área de tecnologia.
Segundo o estudo, o aparelho celular lidera as reclamações, seguido por
computadores e produtos de informática. As empresas com mais reclamações
são Samsung e LG, seguidas pela Nokia.
Além de buscarem as agências do Procon, os consumidores recorrem às
redes sociais, gravam vídeos contando suas dificuldades, descrevem seus
casos em sites especializados. Eles estão comprando mais, o que é uma
das explicações dadas pelos fabricantes para o aumento das chamadas
técnicas.
O desempenho do setor de eletrônicos nas demandas colhidas pelo Sindec
acendeu "uma luz de advertência para todo mundo", afirma Juliana
Pereira, diretora do DPDC (Departamento de Proteção de Defesa do
Consumidor), órgão do Ministério da Justiça.
"Da mesma forma que oferece a possibilidade de maior acesso aos bens
eletrônicos, o mercado tem de garantir uma rede de pós-venda para o
consumidor."
No ano passado, o faturamento dos fabricantes de produtos de informática
foi 13% maior do que em 2009; mas o dos fornecedores de celulares,
principal alvo das críticas, caiu 2%, segundo dados da Abinee
(Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica).
FALTA INVESTIMENTO
O diagnóstico inicial do DPDC é que a expansão da base de consumo não
foi acompanhada por um investimento equivalente das empresas em
atendimento, assistência técnica e suporte.
"Há empresas que vendem no Brasil inteiro, mas só têm 11 assistências
técnicas autorizadas", diz a titular do DPDC. Segundo ela, em 80% dos
casos registrados, os usuários procuraram a empresa, antes de irem ao
Procon.
"É bastante crítico quando o consumidor precisa enfrentar uma fila e
procurar um órgão de defesa por conta de uma intermitência do televisor
ou de um display que não funciona", afirma.
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