O novo chanceler argentino, Héctor Timerman, crítico mordaz dos meios de
comunicação do país, em especial do Grupo Clarín, assegurou que
continuará questionando os veículos de oposição em seus perfis nas redes
sociais.
Timerman, que também é jornalista e assume hoje o cargo, declarou que "o
Twitter e o Facebook são ferramentas imprescindíveis para a política
moderna".
O novo chanceler assume o posto após a renúncia inesperada de Jorge
Taiana, na sexta-feira. Segundo a imprensa, um dos possíveis motivos da
decisão foi o fato do então ministro ter vazado informações ao jornal
Clarín, o que teria revoltado a presidente Cristina Kirchner.
"Vou seguir militando nas redes sociais, que são atualmente o que foram
as paredes para os militantes políticos durante muitos anos", salientou
Timerman em entrevista concedida ao jornal "Página 12", no domingo.
Críticas
Um dos assuntos que se tornou alvo de seus comentários foi a Lei de
Serviços de Comunicação Audiovisual, também chamada Lei de Mídia,
aprovada em outubro de 2009.
Enquanto o "Clarín" e outros veículos classificaram a norma de "mordaça"
para a liberdade de expressão, Timerman questionou os "monopólios"
privados de comunicação, mostrando-se disposto a fazer parte do embate
entre a imprensa e a Casa Rosada (sede do governo argentino).
"Com a Lei de Mídia se abre pela primeira vez desde a ditadura a
possibilidade de se informar e informar", afirmou ele em seu perfil no
Twitter.
Outra discussão recente protagonizada pelo diplomata no sistema de
microblogging foi a polêmica com o deputado opositor Fernando Iglesias
sobre a adoção ilegal de menores durante a ditadura militar do país
(1976-1983).
Entidades asseguram que, durante o regime, a proprietária do Grupo
Clarín, Ernestina Herrera Noble, teria adotado dois bebês cujos pais
foram raptados pelos repressores.
Em seus argumentos, Timerman costuma enfatizar temas relacionados aos
direitos humanos, área em que lecionou entre 1979 e 1983, durante o
exílio em Nova York. Seu pai, Jacobo Timerman, considerado um dos
maiores jornalistas do país, foi sequestrado durante a ditadura.
A posse ocorre nesta terça-feira (22), a partir das 11h (horário de
Brasília), em cerimônia realizada na Casa Rosada, em Buenos Aires.
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