O presidente da PT (Portugal Telecom), Zeinal Bava, classificou nesta
quinta-feira de "traição" a operação da espanhola Telefónica para
comprar a operadora brasileira Vivo, controlada conjuntamente pelas duas
empresas.
Em uma conversa organizada em Lisboa pelo "Jornal de Negócios", Bava
defendeu que "outras alternativas e mecanismos poderiam ter sido
procuradas" e lembrou que, em termos de governo de sociedade, a
companhia lusa não recebe "lições de ninguém".
A Telefónica oferece, desde 2 de junho, 6,5 bilhões de euros para
assumir 100% da Brasilcel, a empresa com a qual PT e Telefónica
controlam 60% da Vivo, proposta que a empresa portuguesa decidiu levar a
sua assembleia geral em 30 de junho.
"(A Telefónica) Não consultou aos acionistas. Eles não falaram", disse o
diretor querendo se referir à recente operação da empresa espanhola,
que, após reduzir de 10% para 2% sua participação na PT, realizou na
última semana três contratos de derivativos (equity swaps) sobre ações
da companhia lusa por um total de 8% do capital.
Segundo Bava, este tipo de instrumento financeiro, que pode servir para
manter a exposição da cotação de títulos, apesar de não possuírem, não
parece "venda efetiva" e deixou nas mãos do regulador luso a decisão
desse aspecto.
Pela carta emitida nesta quinta-feira à CMVM (Comissão do Mercado de
Valores Mobiliários) lusa, a Telefónica informa que utilizou este tipo
de contratos nos dias 17, 18 e 21 de junho, com relação à venda de
15.689.000 títulos (8,70 euros cada um), 17.839.589 (8,839 euros) e
24.676.250 (8,853 euro), respectivamente.
Fontes do mercado informaram que com os "equity swaps" a companhia
espanhola se beneficiaria em caso de os títulos da PT se valorizarem --
embora tenha vendido 8% de sua participação --, já que a oferta pela
Vivo inclui uma opção de compra da empresa lusa sobre os títulos da
Telefónica.
Nos últimos dias foram registrados vários movimentos na capital
portuguesa e a PT comunicou que o banco suíço UBS e o gerente americano
TPG-Axon Capital tinham reforçado sua posição na empresa, 5,84% e 4,24%,
respectivamente.
Meios de imprensa especializados especulam que as instituições, que
juntas já possuem 10,08% da PT, podem ser "aliadas" da Telefónica uma
semana antes de os acionistas da PT se pronunciarem sobre a oferta da
empresa dirigida por César Alierta.
Além disso, a PT informou que o banco francês Société Générale reduziu
até 1,96% (tinha 2,01%) de sua participação na operadora portuguesa ao
vender 408 mil títulos.
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