quarta-feira, 30 de junho de 2010

Suposta espiã russa mantinha perfil em redes sociais na internet

A russa Anna Chapman, 28, presa no domingo (26) nos Estados Unidos após ser acusada de espionar para a Rússia, mantinha perfis no Facebook e em outras redes sociais na internet. Segundo autoridades, todas as quartas-feiras ela se encontrava em uma livraria em West Village, Manhattan, com um representante russo para passar informações.
Ela vivia em Nova York desde fevereiro deste ano, quando deixou Moscou logo após se divorciar, segundo o jornal "New York Post".

Segundo documentos da polícia, Chapman alugou um apartamento perto de Wall Street e começou a usar redes sociais online, como o LinkedIn e o Facebook, para estabelecer contatos profissionais e divulgar suas habilidades.
Nas mais de 90 fotos que postou no Facebook, a jovem russa aparece em vários países --entre eles a Turquia, onde foi fotografada em uma suíte de luxo do Hotel Les Ottoman, em Istambul. Ela também divulgou na internet uma foto em que aparece bebendo vinho entre dois homens no Simpósio de Tecnologia Global na Universidade de Stanford em março.
Em seu perfil, ela também aparece falando em russo em vídeos sobre oportunidades econômicas.
David Hartman, dono de uma companhia de Nova York que conheceu a suposta espiã, a descreveu como "agradável, muito profissional e amigável".
"Não havia nada de estranho nela que eu soubesse", disse ele.
Missão
Uma gravação de áudio de um dos encontros de Chapman com o representante russo na livraria de Manhattan, feita pela polícia americana, ambos começam a conversar em russo, mas em seguida passam a falar em inglês para atrair menos atenção para si mesmos.

"Eu preciso de mais informações sobre você antes que eu possa falar", diz a jovem.
"Ok. Meu nome é Roman. (...) Eu trabalho no consulado", responde o agente.
O representante afirma então, que sabia que ela iria para Moscou em duas semanas "para conversar oficialmente sobre seu trabalho" mas que, antes disso, "tinha uma tarefa" para ela.
A missão seria entregar um passaporte falso a outra mulher que agia como espiã nos EUA.
"Você está pronta para dar esse passo?", perguntou o agente.
"É claro", respondeu Chapman.
Prisão
O agente informou então à jovem o local em que ela deveria estar, e de que forma deveria segurar uma revista para ser reconhecida pela outra agente. Para confirmar sua identidade, a mulher perguntaria: "Com licença, não nos conhecemos na Califórnia no verão passado?".

No entanto, de acordo com os documentos policiais, Chapman estava hesitante.
"Tem certeza de que ninguém está nos observando?", perguntou ela durante as instruções.
Depois disso, segundo autoridades, ela comprou um telefone celular e fez dezenas de ligações para a Rússia.
Em um dos telefonemas interceptados, um homem avisa a ela que poderia ter sido descoberta e que, por isso, deveria entregar seu passaporte à polícia e deixar o país.
Ela foi presa no Departamento de Polícia de Nova York ao seguir o conselho, segundo autoridades.
Rede de espionagem
Autoridades americanas anunciaram nesta segunda-feira terem desbaratado um esquema digno de novela policial. A inteligência russa infiltrou agentes disfarçados nos EUA para se aproximar de fontes políticas nos Estados Unidos e reunir informações para o governo da Rússia, segundo o Departamento de Justiça americano.
No total, 11 pessoas foram acusadas. Destas, dez foram presas no fim de semana em Boston, Nova York, New Jersey e Virgínia, sob acusações que incluem conspiração para agir como agentes ilegais da Rússia e lavagem de dinheiro.
A polícia de Chipre, no Oriente Médio, anunciou nesta terça-feira a prisão de Robert Christopher Metsos, 55, o 11º suspeito da suposta rede de espionagem russa nos Estados Unidos.
A Rússia rejeitou nesta terça-feira com indignação a descoberta de uma suposta rede russa de espionagem nos Estados Unidos, enquanto autoridades americanas se apressaram em dizer que o caso não vai afetar a fase de reaproximação entre os dois países.

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