A russa Anna Chapman, 28, presa no domingo (26) nos Estados Unidos após
ser acusada de espionar para a Rússia, mantinha perfis no Facebook e em
outras redes sociais na internet. Segundo autoridades, todas as
quartas-feiras ela se encontrava em uma livraria em West Village,
Manhattan, com um representante russo para passar informações.
Ela vivia em Nova York desde fevereiro deste ano, quando deixou Moscou
logo após se divorciar, segundo o jornal "New York Post".
Segundo documentos da polícia, Chapman alugou um apartamento perto de
Wall Street e começou a usar redes sociais online, como o LinkedIn e o
Facebook, para estabelecer contatos profissionais e divulgar suas
habilidades.
Nas mais de 90 fotos que postou no Facebook, a jovem russa aparece em
vários países --entre eles a Turquia, onde foi fotografada em uma suíte
de luxo do Hotel Les Ottoman, em Istambul. Ela também divulgou na
internet uma foto em que aparece bebendo vinho entre dois homens no
Simpósio de Tecnologia Global na Universidade de Stanford em março.
Em seu perfil, ela também aparece falando em russo em vídeos sobre
oportunidades econômicas.
David Hartman, dono de uma companhia de Nova York que conheceu a suposta
espiã, a descreveu como "agradável, muito profissional e amigável".
"Não havia nada de estranho nela que eu soubesse", disse ele.
Missão
Uma gravação de áudio de um dos encontros de Chapman com o representante
russo na livraria de Manhattan, feita pela polícia americana, ambos
começam a conversar em russo, mas em seguida passam a falar em inglês
para atrair menos atenção para si mesmos.
"Eu preciso de mais informações sobre você antes que eu possa falar",
diz a jovem.
"Ok. Meu nome é Roman. (...) Eu trabalho no consulado", responde o
agente.
O representante afirma então, que sabia que ela iria para Moscou em duas
semanas "para conversar oficialmente sobre seu trabalho" mas que, antes
disso, "tinha uma tarefa" para ela.
A missão seria entregar um passaporte falso a outra mulher que agia como
espiã nos EUA.
"Você está pronta para dar esse passo?", perguntou o agente.
"É claro", respondeu Chapman.
Prisão
O agente informou então à jovem o local em que ela deveria estar, e de
que forma deveria segurar uma revista para ser reconhecida pela outra
agente. Para confirmar sua identidade, a mulher perguntaria: "Com
licença, não nos conhecemos na Califórnia no verão passado?".
No entanto, de acordo com os documentos policiais, Chapman estava
hesitante.
"Tem certeza de que ninguém está nos observando?", perguntou ela durante
as instruções.
Depois disso, segundo autoridades, ela comprou um telefone celular e fez
dezenas de ligações para a Rússia.
Em um dos telefonemas interceptados, um homem avisa a ela que poderia
ter sido descoberta e que, por isso, deveria entregar seu passaporte à
polícia e deixar o país.
Ela foi presa no Departamento de Polícia de Nova York ao seguir o
conselho, segundo autoridades.
Rede de espionagem
Autoridades americanas anunciaram nesta segunda-feira terem desbaratado
um esquema digno de novela policial. A inteligência russa infiltrou
agentes disfarçados nos EUA para se aproximar de fontes políticas nos
Estados Unidos e reunir informações para o governo da Rússia, segundo o
Departamento de Justiça americano.
No total, 11 pessoas foram acusadas. Destas, dez foram presas no fim de
semana em Boston, Nova York, New Jersey e Virgínia, sob acusações que
incluem conspiração para agir como agentes ilegais da Rússia e lavagem
de dinheiro.
A polícia de Chipre, no Oriente Médio, anunciou nesta terça-feira a
prisão de Robert Christopher Metsos, 55, o 11º suspeito da suposta rede
de espionagem russa nos Estados Unidos.
A Rússia rejeitou nesta terça-feira com indignação a descoberta de uma
suposta rede russa de espionagem nos Estados Unidos, enquanto
autoridades americanas se apressaram em dizer que o caso não vai afetar a
fase de reaproximação entre os dois países.
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