Cientistas que trabalham com o Grande Colisor de Hádrons (LHC), máquina
que busca desvendar as origens do Universo instalada sob os territórios
da França e da Suíça, estão convertendo os fenômenos cósmicos
pesquisados em melodia com a ajuda de supercomputadores.
Os cientistas que operam a máquina, maior colisor de partículas do
mundo, estão usando uma técnica de "sonificação" que converte dados
puros gerados pelos experimentos do LHC em sons, afirmou a física Lily
Asquith.
Os detectores da máquina podem reconstruir a trajetória das partículas
depois que elas são esmagadas nas colisões que ocorrem perto da
velocidade da luz e calcular a quantidade de energia que cada uma delas
deixa no caminho.
"Se você usar o software corretamente, pode realmente conseguir música
boa a partir das trajetória das partículas", disse Asquith, que trabalha
no Atlas, um dos seis detectores do LHC. Ela está entre os
idealizadores do projeto chamado LHCsound.
O objetivo principal do projeto é ajudar a promover as pesquisas do
CERN, Centro Europeu para Pesquisa Nuclear, junto ao público em geral,
em especial os experimentos do LHC, de alto custo.
O colisor recebeu o apelido de "máquina do fim do mundo" por críticos
que afirmam que há um suposto risco do experimento produzir um buraco
negro que consumiria o planeta.
SONS DA CIÊNCIA
Para conseguir cumprir seu objetivo, a equipe do projeto LHCsound lançou
um site chamado de "Os Sons da
Ciência", em referência ao sucesso "Sons do Silêncio" de Simon and
Garfunkel, da década de 1960.
"Queremos que todos possam compartilhar a maravilha e o entusiasmo do
que estamos fazendo e isso parece ser uma boa maneira de mostrar a
inspiradora magnificência disso tudo", disse Asquith.
O CERN, fundado em 1954, é formado por 20 países membros de seu conselho
e recentemente permitiu o ingresso do restante do mundo.
Alguns dos sons criados até agora podem ser ouvidos no site, incluindo a
encarnação musical do bóson de Higgs, a misteriosa partícula que se
acredita ser responsável por conferir massa à matéria e sem a qual
nenhum Universo poderia emergir da explosão primordial do Big Bang
ocorrida há 13,7 bilhões de anos.
"Você pode ouvir o decaimento de um bóson de Higgs no detector Atlas ou
uma colisão de próton com próton dentro do LHC", disse a cientista.
Outros sons, criados com a colaboração de músicos, serão adicionados
mais tarde.
A equipe do LHCsound também está trabalhando em aplicações para a Apple e
em tons de chamada para celulares.
Músicos ao redor do mundo já estão pedindo à equipe arquivos de dados
que podem ser lidos pelo Composers
Desktop Project, voltado para compositores e criadores de sons.
Ainda este ano, o CERN planeja uma performance pública dos sons das
partículas tocada por músicos da comunidade científica.
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