A Nokia está consumindo suas reservas de caixa em ritmo insustentável e
gerando questões que alguns analistas consideram sérias sobre sua
capacidade de sobreviver nos próximos meses.
Com o aumento no custo do serviço da dívida da Nokia, os analistas mais
pessimistas dizem que a empresa pode estar em risco de quebra, se não
conseguir desacelerar sua queima de reservas.
Ao longo dos últimos cinco trimestres, a empresa que por muito tempo foi
uma das favoritas em telecomunicações reduziu em 2,1 bilhões de euros
(US$ 2,7 bilhões) a sua reserva de caixa -o que pode resultar na
completa liquidação de seus 4,9 bilhões de euros em reservas no prazo de
dois anos.
Os analistas projetam, em média, que a empresa queime mais quase dois
bilhões de euros em apenas três trimestres, e os mais pessimistas
calculam que ela pode esgotar totalmente seus 4,9 bilhões de euros em
reservas dentro de dois anos.
"Em nossa opinião, a capacidade da empresa pagar até mesmo seus títulos
de curto prazo que vencem em 2014 pode estar em questão", disse Juliano
Torii, analista do Société Générale.
A empresa, que tinha mais de 10 bilhões de euros em caixa em 2007, tem
duas emissões de títulos em circulação: 1,25 bilhão de euros em títulos
de 5,5% com vencimento em 2014 e 500 milhões de euros em notas de 6,75%
que vencem em 2019.
Os títulos --que tiveram sua classificação rebaixada a junk bonds por
Fitch e Standard & Poor's-- estão sendo negociados com defasagem
recorde ante seus mid-swaps (referencial do mercado de títulos), da
ordem de 400 e 683 pontos básicos, respectivamente. E há quem afirme que
essa defasagem é inferior ao que deveria.
"Os spreads da Nokia não refletem a severidade da situação da empresa", disse Torii.
O custo de proteção contra uma possível inadimplência também está em alta.
Os Credit Default Swaps (CDS) de cinco anos estavam cotados a 749 pontos
básicos na sexta-feira -um recorde histórico, de acordo com a Markit.
Depois de se reduzirem a 309 pontos básicos no final de janeiro, eles
registram alta de 142%. De acordo com Gavin Nolan, diretor de pesquisa
de crédito da Markit, isso indica probabilidade de inadimplência de 49%
nos próximos cinco anos.
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