sexta-feira, 25 de maio de 2012

Especialista critica pais que deixam filhos se viciarem em TV

Gerações de crianças correm o risco de ficar viciadas em TV, computador e outros aparelhos eletrônicos, alertou um especialista britânico.
Durante uma conferência do Royal College of Paediatrics and Child Health que aconteceu nesta semana em Glasgow, na Escócia, o psicólogo Aric Sigman pediu aos pais que retomem o controle de seus lares.
Ele recomendou que a idade mínima para a primeira exposição da criança a uma tela seja de três anos de idade.
"Ser um pai passivo em relação às novas mídias é uma forma de negligência e não atende aos interesses das crianças."
Em sua pesquisa, Sigman coletou e analisou resultados de estudos em áreas como cardiologia, neurofarmacologia e obesidade infantil.
Segundo o especialista, quando completar sete anos, uma criança nascida hoje terá passado o equivalente a um ano inteiro, 24 horas por dia, em frente a alguma tela.
Altos índices de exposição às telas quando a criança é pequena tendem a resultar em um estilo de vida com maior exposição às telas na vida adulta, disse.
Sigman citou também estudos que associaram o hábito de ver TV ou de outras telas a riscos maiores de a pessoa desenvolver diabetes e doenças cardiovasculares.
Enfermidades que, por sua vez, estão relacionadas a maiores índices de mortalidade.
ALTERAÇÕES NEUROLÓGICAS
Durante a palestra, Sigman citou estudos demonstrando que os estímulos enviados pela tela levam à liberação do neurotransmissor dopamina no cérebro da pessoa que a assiste.
Sabe-se, por exemplo, que os índices da substância sobem rapidamente no cérebro de pessoas que jogam videogames.
"A dopamina está fortemente associada à sensação de prazer e tem papel fundamental na formação e manutenção de vícios", disse Sigman.
Ele explicou que a herança genética de um indivíduo influencia a forma como a dopamina é produzida e usada em seu organismo.
Portanto, a suscetibilidade de uma pessoa à dependência e a vícios também tem um componente genético.
Por outro lado, disse Sigman, períodos prolongados jogando games podem produzir alterações neurológicas de longo prazo nos cérebros das crianças. Essas alterações se assemelham aos efeitos da dependência por substâncias.
"Aumentar a liberação diária de dopamina em reação a horas na frente de jogos de computador e outras telas está se tornando uma possibilidade real, com consequências sérias", alertou.
PAPEL PATERNO
Estudos europeus revelaram que muitos pais com crianças pequenas não têm regras formais sobre a quantidade de horas que os filhos podem passar em frente à TV ou no computador.
No Reino Unido, adolescentes passam hoje em média 6,1 horas por dia em frente a uma tela. Este índice está subindo.
Crianças britânicas entre 10 e 11 anos têm hoje acesso a cerca de cinco telas em suas casas, e com frequência assistem a duas ou mais telas simultaneamente.
De acordo com as estatísticas, pais que mantêm altos índices de interação com telas (como iPads e iPhones) na presença de seus filhos tendem a influenciá-los a adotar comportamentos semelhantes.
RECOMENDAÇÕES
Para evitar os riscos de uso excessivo de telas e dependência, Sigman e seus colegas sugerem que a idade mínima para a primeira exposição da criança às telas seja aos três anos.
Os especialistas recomendam ainda diminuir a frequência e duração dos períodos de exposição e reduzir a disponibilidade das telas, especialmente no quarto.
Os pais também devem ficar conscientes de que seus próprios hábitos vão influenciar os hábitos de seus filhos.

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