terça-feira, 29 de maio de 2012

Cientistas da USP conseguem financiar projeto com 'vaquinha virtual'

O financiamento colaborativo de projetos de ciência ainda engatinha no Brasil, mas um grupo de pesquisadores da USP já está tirando proveito da ferramenta.
Sem dinheiro para ir a uma das maiores competições de biologia sintética do mundo, a iGEM (Competição Internacional de Máquinas Geneticamente Modificadas, em inglês), que acontece nos EUA, a equipe decidiu apelar para o "crowdfunding" (uma vaquinha virtual para arrecadar dinheiro).
Equipe de biologia sintética da USP usou "vaquinha" na internet para obter dinheiro para ocmpetição no exterior
Em pouco mais de um mês, eles conseguiram quase US$ 3.000 para custear a inscrição da equipe no evento. E a maior parte das doações veio de pessoas sem nenhum contato com o grupo.
"O 'crowdfunding' é meio que uma nova versão da rifa para arrecadar dinheiro", brinca Carlos Hotta, professor do Instituto de Química e líder da equipe brasileira na competição. Foi dele a ideia de usar a ferramenta para financiar o projeto.
"A maior inspiração foi o desespero. Nosso plano A, que era conseguir dinheiro com empresas, não deu certo. Tivemos de buscar alternativas", explica Hotta.
SEM BUROCRACIA
Segundo ele, o "crowdfunding" foi também uma boa opção para lidar com um problema burocrático. Apesar de seu caráter de pesquisa e desenvolvimento científico, a iGEM é uma competição, uma modalidade que, ao contrário de congressos e simpósios, não está descrita nos editais de pesquisa e outras regras das universidades.
O grupo usou o site RocketHub, o qual, embora não seja exclusivo para ciência, tem vários projetos da área.
"Nas primeiras duas semanas, as doações eram só de conhecidos. Foi quando nós fizemos o vídeo que as contribuições dispararam", explica Otto Heringer, estudante de química, membro da equipe e autor do roteiro engraçadinho do filme, que se espalhou pela USP.
E ter um bom vídeo de apresentação é considerado um do trunfos de quem busca financiamento. Os próprios sites recomendam caprichar nesse quesito.
NOVO DESAFIO
Mas, apesar do sucesso da iniciativa, o desafio da equipe --um projeto multidisciplinar que reúne professores e alunos de graduação e pós em várias áreas-- ainda não acabou.
Agora, eles precisam de dinheiro para pagar as passagens e a estadia das pessoas na competição, que será dividida em duas etapas: uma regional classificatória na Colômbia e outra geral nos EUA.
A equipe quer apresentar projetos como uma espécie de tela touchscreen feita com bactérias e uma rede de comunicação também com bactéria.

Nenhum comentário: