"O futuro já está aqui, ele só não está distribuído igualmente ainda."
Foi com essa citação ao escritor William Gibson ("Neuromancer") que
Andrew McLaughlin, vice-presidente do Tumblr, resumiu sua apresentação,
que abriu a conferência de direitos humanos e tecnologia RightsCon, na
manhã desta quinta (31), no Rio.
McLaughlin, um especialista em políticas públicas e governamentais
ligadas à tecnologia, ex-funcionário do Google e da Casa Branca, mostrou
uma visão positiva sobre o progresso e a disseminação da tecnologia.
"Computadores estão ficando mais baratos, conexões estão ficando mais
rápidas e isso vai ser o padrão pelo resto das nossas vidas", disse o
americano, que também argumentou que os usuários estão passando de uma
posição de consumo passivo para a criação ativa.
"Cada vez mais vemos tecnologias complicadas se tornando fáceis de usar,
o que vai fazer com que mais gente possa criar aplicativos e serviços
importantes mesmo sem saber programação."
McLaughlin também apresentou o outro lado da moeda: como o
desenvolvimento tecnológico facilita e aumenta a vigilância
governamental, tanto a legal quanto a ilegal, assim como a capacidade de
empresas monitorarem e acumularem informações sobre seus clientes.
"Essa tecnologia pode ser usada para o mal. Ela permite que quem
controla a rede vigie as pessoas e censure o que quiser", disse, citando
como exemplo o Egito, quando o governo tirou a internet do ar, em 2011,
para tenta conter as manifestações públicas que levaram à queda do
regime.
Outro dos palestrantes da manhã, o venezuelano Thor Halvorssen, criador
da Human Rights Foundation, aprofundou a discussão sobre o potencial mau
uso da internet e da tecnologia. Ele argumentou que a liberdade na
internet está diretamente ligada à liberdade política em cada país e
mostrou fotos de uma campanha na qual governantes como Hugo Chávez
(Venezuela), Raul Castro (Cuba) e Mahmoud Ahmadinejad (Irã) aparecem
apavorados diante de um mouse.
"Esses governos estão tão assustados que precisam bloquear a internet para ter um monopólio da verdade", disse.
Halvorssen também criticou a Nokia, a Cisco, o Yahoo! e outras
companhias americanas e ocidentais por oferecerem a tecnologia que
permite a países como a China perseguir críticos do governo. "Essas
companhias foram criadas em países democráticos, a própria criação delas
é uma mostra do poder da democracia. Elas não precisam apoiar a tirania
para lucrar."
O venezuelano também apresentou o outro lado da questão: "As mesmas
tecnologias usadas para censurar e vigiar oferecem a possibilidade de
criar sociedades livres."
A Rio RightsCon, que reúne participantes de 25 países, terá uma série de
15 painéis até a sexta (1º), sobre temas como privacidade on-line, o
futuro da internet na América Latina e propriedade intelectual na rede.
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