"Esses produtos deveriam ser como companheiros, muito mais do que um objeto", diz à Folha Esslinger, que dá palestra hoje em São Paulo. "Ajudei a reposicionar a Apple usando a tecnologia de modo humano, algo amigável e esperto."
Ou melhor, Esslinger, que desenhou o primeiro computador Macintosh a chegar ao mercado, aquele cubinho bege hoje pouco atraente, convenceu Steve Jobs a pensar todo produto da Apple como "uma loira californiana correndo na praia".
Desenho do primeiro Macintosh, feito por Hartmut Esslinger, designer alemão radicado nos Estados Unidos |
Esslinger conta que a proposta de cada computador era parecer "uma mulher, elegante, mais apelativa, mais lógica". Daí que o codinome de sua estratégia virou Branca de Neve, usando a personagem dos contos de fada como estratégia de marketing para algo ao mesmo tempo meigo e sedutor.
Embora Esslinger seja alemão como os nomes que ergueram a Braun no rastro da Bauhaus, ele nega que sua Branca de Neve tenha a ver com a Branca de Neve que titulou um dos desenhos clássicos da marca alemã, que chamou de "caixão da Branca de Neve" os contornos do primeiro aparelho de som que lançou no mercado.
Esslinger, que antes da Apple trabalhou para a Sony, depois levou esses mesmos conceitos à indústria da moda. Na Louis Vuitton, ele entendeu que "as pessoas não compram produtos pelo que eles são, mas pelo que simbolizam".
Daí sua ideia de estabelecer uma conexão humana entre objeto e usuário. Outro ponto de sua filosofia, que deve ficar claro na palestra no Brasil, é a ideia de que nada no design industrial é 100% novo.
Segundo ele, "as grandes características de um produto têm de ser ditadas pelo passado". "Quando você faz algo novo, as pessoas não querem ser chocadas com algo desconhecido", diz ele. "Os traços do produto têm de ser baseados no passado, e a inspiração vai em cima disso."
HARTMUT ESSLINGER
QUANDO hoje, às 16h
ONDE teatro Frei Caneca (r. Frei Caneca, 569; tel. 0/xx/11/2515-8555)
QUANTO R$ 699
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