terça-feira, 22 de junho de 2010

Menino autista quebra silêncio e se comunica por mensagens de computador

O britânico Jamie Ponsonby não consegue falar e durante anos permaneceu preso em seu próprio mundo.
Sua família, porém, o ensinou a usar um teclado de computador e hoje em dia o garoto de 13 anos, que sofre de autismo, consegue não apenas se expressar como também escrever poemas.
Sua mãe, Serena, disse que isso permitiu que Jamie se comunicasse com a família e que, assim, ela pudesse entendê-lo melhor.
"Nós não tínhamos ideia de que havia uma pessoa lá dentro que sabia tudo", afirmou ela.
Emoções e senso de humor
"Por meio da digitação nós descobrimos que ele sabe todo tipo de coisa. Ele está totalmente ciente de tudo, seu senso de humor está totalmente ali. Ele tem uma poesia linda, seus sentimentos e emoções são todos perfeitamente normais e acima da média para sua idade."
O diretor de pesquisas da entidade beneficente Research Autism, Richard Mills, disse que casos como o de Jamie são relativamente raros.
Ele disse que a técnica usada pelos pais de Jamie para ajudá-lo a se comunicar - conhecida como comunicação facilitada - apesar de polêmica, tem mostrado bons resultados.
Ela foi introduzida pela primeira vez na Austrália nos anos 70 e consiste em alguém apoiar a mão, o pulso ou o braço de um a pessoa com deficiência comunicativa enquanto esta usa um teclado ou outro aparelho para formar palavras e frases.
"Nós sabemos que pessoas com autismo muitas vezes precisam de muito tempo de processamento. Eles precisam que as coisas sejam visuais, então palavras digitadas em um teclado tendem a funcionar melhor (do que outras formas de comunicação como o uso da fala, por exemplo)".
Paciência
Serena disse que apesar de Jamie digitar com lentidão - ele levou duas semanas para digitar seu poema sobre autismo - ele está, aos poucos, ficando mais rápido e independente.
Ela percebeu que havia um problema com seu filho quando ele tinha 18 meses de idade.
"Ele foi diagnosticado com dois anos e meio, mas desde os 18 meses eu sabia que algo não estava certo. Ele costumava adorar música mas começava a gritar quando eu o levava para aulas de música", disse ela.
Durante alguns anos após seu diagnóstico, Jamie perdeu mais e mais habilidades, incluindo a fala. Ele tinha uma habilidade limitada para se comunicar por meio de sinais, portanto a comunicação se tornou difícil.
"Nós começamos a estimulá-lo a digitar aos nove anos de idade, após eu ler um livro sobre alguém que achava mais fácil digitar, apesar de ela saber falar", contou Serena.
"Pensei que talvez pudesse ser um caminho diferente. Começamos a estimulá-lo a digitar as palavras que ele sabia usar com sinais e fizemos progressos bem, bem lentos. Nós muitas vezes pensamos em desistir."
"Depois de alguns anos ele começou a ler placas e vimos que ele conseguia ler. Começamos a fazer perguntas e ele digitava todo tipo de coisa que nem sabíamos que ele conhecia", disse a mãe.
"Como uma família, isso nos permitiu a saber que existe alguém ali que sabe tudo que está acontecendo. Ele adora viajar e se você sabe que ele está ganhando algo com isso, sua paciência aumenta."
"Você não fala com ele como com alguém que não entende - sua autoestima e confiança estão infinitamente melhores."
Apesar do sucesso descrito pela família, a técnica da comunicação facilitada é criticada por cientistas que questionam o grau de interferência dos responsáveis no momento de comunicação pelo teclado.

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