Ele roda uma versão defasada do Android. Leva uma quantidade de memória que não arranca suspiros desde 2009. E custa US$ 6.700 (cerca de R$ 10,7 mil).
Não, não é um equipamento raro feito a partir do material genético de Larry Page ou Sergey Brin, os fundadores do Google, nem se trata de algum protótipo da Nasa vendido no mercado negro. É o Link, smartphone da fabricante suíça de relógios Tag Heuer que foi lançado no começo do último mês de julho.
O aparelho é mais um exemplo do que pode ocorrer quando marcas e grifes associadas a produtos para quem tem altíssimo poder aquisitivo fazem incursões no mundo da tecnologia. Nos últimos dois anos, isso vem ocorrendo com certa frequência.
Em geral, o resultado são produtos bem mais caros e, em alguns casos, defasados em relação àqueles fabricados por quem é do setor.
O Tag Heuer roda a versão 2.2 do Android, que deixou de ser a mais nova em dezembro do ano passado, quando o sistema operacional foi atualizado para a 2.3. Já a quantidade de memória dele, de 256 Mbytes, chamava a atenção em novembro de 2009. Na época, a Motorola apresentou ao mundo o primeiro Milestone. Hoje, o número não impressiona.
Pelo valor do Tag Heuer dá para comprar cinco Samsung Galaxy S II, atual rei dos smartphones com Android, que tem preço sugerido de R$ 1.999. E sobra um belo troco.
Outra que vai passar pelas passarelas tecnológicas este ano com especificações do ano passado é a grife francesa Pierre Cardin. No começo deste mês, ela anunciou o PC-7006, um tablet com tela de sete polegadas que custa US$ 450. Ele roda o Android 2.2, versão que não foi projetada para tablets. O ideal seria o Android 3.0, que estreou no mercado em fevereiro no Xoom, da Motorola.
Com 512 Mbytes de memória e processador Cortex-A8, o PC-7006 é quase um irmão do Galaxy Tab 7, da Samsung, lançado em setembro do ano passado. E o preço dele é próximo dos US$ 499 cobrados pelo iPad 2 nos EUA.
OBJETOS DO DESEJO
Por que alguém gastaria com produtos caros e defasados? A marca, claro, é a principal suspeita nesses casos.
"Nas marcas relacionadas à moda e ao luxo, as pessoas não compram pelos benefícios funcionais que o produto possa ter. Essas marcas vendem a aspiração que causam nas pessoas. E esses produtos têm poder social muito intenso", diz Marcos Henrique Bedendo, professor de gestão de marcas da ESPM.
PIERRE CARDIN
A grife francesa lançou no começo de agosto o PC-7006, um tablet com entranhas semelhantes às do Galaxy Tab 7, da Samsung, à venda deste setembro de 2010; o preço dele é próximo ao do iPad 2 nos EUA (US$ 499)
ARMANI
A marca se uniu à Samsung para estampar, no final de 2010, uma edição especial do Galaxy S; ele é vendido de forma não oficial no Brasil por R$ 2.400
TAG HEUER
Apesar das especificações magras, o Link custa US$ 6.700, o que dá para comprar cinco Galaxy S II no Brasil; ele chegou ao mercado em julho de 2011
MOBIADO
A companhia canadense de celulares de luxo anunciou na semana passada a linha Grand Touch, que tem em seu interior um Nexus S, celular do Google à venda desde dezembro de 2010; ele custa até US$ 4.000
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