Os ataques começaram ontem, quando o grupo elegeu o governo brasileiro como alvo e tiraram do ar os sites da Presidência da República e da Receita Federal e o Portal Brasil por meia hora durante a madrugada, congestionando as redes do governo e impedindo o acesso a suas informações.
O Serpro (Serviço de Processamento de Dados), que hospeda os sites do governo federal, classificou o ataque como o maior já enfrentado pelo governo brasileiro. Segundo o Serpro, não houve vazamento de informações.
Um dos grupos responsáveis pelos ataques convocou seus seguidores no Twitter a atacar a Petrobras também. O site da estatal ficou fora do ar à tarde, mas a empresa atribuiu o evento à "instabilidade" na sua rede.
O grupo que assumiu a autoria dos ataques aos sites do governo se apresenta como LulzSecBrazil e atua como célula do LulzSec, grupo que na semana passada atacou o site da CIA, a agência de espionagem americana.
Os ativistas do LulzSecBrazil atuaram junto a um grupo chamado AnonBrazil, associado ao Anonymous, a quem é atribuído um ataque que há duas semanas derrubou o site do FMI (Fundo Monetário Internacional).
LulzSec e Anonymous são os dois maiores grupos de hackers do mundo. Hackers são pessoas que invadem computadores para protestar ou furtar informações.
Eles lançaram nesta semana a Operação AntiSec, declarando agir "contra a censura" e com o objetivo de retaliar governos que tentam impor controles à internet.
Os ataques de ontem foram precedidos por uma mensagem ao "povo brasileiro", divulgada no YouTube. Os ativistas dizem não querer "aterrorizar a população", mas acham que "chegou a hora de tomar uma atitude" contra "a manipulação de informação e o governo sem transparência".
Depois dos ataques, o LulzSecBrazil postou mensagem dizendo que seu "alvo é atingir 100 mil seguidores no Twitter para ter condição de fazer manifestações pelas ruas de todo o Brasil".
Os ataques são realizados por robôs eletrônicos acionados pelos hackers, que fazem grande número de solicitações simultâneas aos sites eleitos como alvos, tornando impossível que outras pessoas acessem suas páginas.
Segundo o Serpro, foi o terceiro ataque sofrido pelo governo brasileiro na internet neste ano. Os anteriores visaram o site da Presidência, no início de janeiro, e o site do Exército, no sábado. Foram assumidos por outro grupo de hackers, FatalErrorCrew.
O Exército começou a implantar neste ano o CDCiber (Centro de Defesa Cibernética) para proteger as redes governamentais e outras que interessem à segurança nacional. EUA e China anunciaram, na última semana, esforços semelhantes para se defender contra os hackers.
Além da CIA e do FMI, também foram atingidos neste mês o Departamento de Comércio dos EUA e empresas como a Lockheed Martin, fornecedora de armamentos.
SAIBA MAIS
O grupo de hackers LulzSec (Lulz Security) chamou a atenção mundial pela primeira vez há dois meses, com a invasão da rede on-line do PlayStation, da Sony, e o vazamento dos dados de milhões de usuários. O game, de alcance global, passou dias fora do ar.
Na semana passada, o grupo assumiu um ataque ao site da CIA. Anteontem, o FBI invadiu e confiscou equipamentos de um servidor de internet no Estado de Virgínia, parte de uma investigação dos membros do LulzSec realizada junto com a própria CIA e agências europeias, segundo o "New York Times". Um membro do LulzSec foi preso no Reino Unido.
O nome Lulz vem de LOL ("laugh out loud", rir alto), uma gíria de internet usada, em geral, após brincadeiras on-line e pegadinhas.
Anterior e mais conhecido, o grupo Anonymous nasceu como coletivo hacker há cerca de três anos.
A exemplo do LulzSec, começou com brincadeiras on-line, até realizar uma série de ataques em defesa do WikiLeaks, em dezembro do ano passado.
Conseguiu afetar a operação de sites globais como Visa, MasterCard e PayPal, por terem suspendido contas da organização de Julian Assange, que expôs segredos americanos.
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