"Embarquei para a Austrália como turista, em abril. Foram quatro meses de preparação. Tenho como hobby ser DJ. Um cara que eu conheci aqui no Brasil ficou de me conseguir umas festas para tocar lá.
Ele agendou uma festa. Depois, coloquei no Twitter: 'Just got my first gig in Sydney!'. 'Gig' é 'festa', mas também pode ser 'trampo'.
Quando cheguei, fui parado na imigração. Eles viram que eu não estava com a carteira de vacinação da febre amarela. Me pararam e olharam meu passaporte. Levaram o meu celular. Nessa hora, devem ter visto o meu Twitter. Viram que eu tinha arrumado uma 'gig'.
Aí vieram me perguntar. Eu disse que não tinha ido lá trabalhar, que tinha um hostel em São Paulo. Disseram que não era o que dizia o meu Twitter. Falaram que iam me deportar.
Passei a noite num centro de imigrantes porque o aeroporto já ia fechar e não tinha mais voo de volta. Embarquei no dia seguinte. Foi péssimo ter sido mandado de volta.
Não tenho orgulho nem vergonha de ter sido deportado. Não me senti invadido por terem visto o Twitter. Era público.
Aprendi: sei que não posso ficar postando coisas em redes sociais para todos. Bloqueei meu Twitter. Só quem pedir permissão para me seguir vê o que eu escrevo. Aí eu posso falar à vontade."
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